
“A presença de líderes mundiais no primeiro dia da COP30 é vital para definir a tendência da reunião. Um ótimo exemplo é o compromisso de redução de emissões pelo Reino Unido de 81% até 2035, assumido por (Keir) Starmer na última COP. Isso precisa ser reiterado pelo primeiro-ministro no Brasil, para persuadir outros países a assumirem compromissos importantes semelhantes.”
Destacada pelo Guardian, esta fala de David King, ex-assessor científico chefe do governo britânico, dá a tônica da cobrança feita ao primeiro-ministro do país, Keir Starmer, por importantes nomes da agenda climática e parlamentares do Partido Trabalhista, do qual ele faz parte, depois da imprensa indicar a possibilidade do premiê britânico não participar da COP30 em Belém.
Assessores de Starmer o aconselharam a não vir à COP30 por medo de atrair a ira do partido “Reform”, de extrema-direita, que prometeu acabar com as metas de emissões líquidas zero se for eleito. Algumas autoridades acreditam que o premiê deveria se concentrar em questões domésticas.
No entanto, Starmer foi à COP29 no Azerbaijão do ano passado, quando anunciou as metas climáticas do Reino Unido. E quando era líder da oposição, criticou o então primeiro-ministro conservador Rishi Sunak por não ter comparecido à cúpula no Egito em 2022, lembra o Independent.
“A ausência de Starmer na COP30 seria uma abdicação completa de responsabilidade de sua parte. Enquanto líderes autoritários como Trump lançam ataques às evidências científicas consolidadas sobre as mudanças climáticas, esta é uma oportunidade para o governo se posicionar contra esse ataque implacável e demonstrar seu compromisso com uma transição globalmente justa (…) Dada a responsabilidade histórica do Reino Unido pela atual crise climática, a presença não deve ser um ‘talvez’ – Starmer precisa estar lá”, reforçou Izzie McIntosh, gerente de campanha climática da Global Justice Now.
Se Starmer quer evitar a COP30 por tensões políticas internas, países em desenvolvimento lutam para garantir presença na capital paraense. Embora os organizadores do evento intensifiquem esforços para garantir mais quartos a preços acessíveis, delegações de países em desenvolvimento e vulneráveis consideram reduzir sua presença na conferência, o que diminuiria sua visibilidade e poder de negociação, informa a Bloomberg em matéria traduzida pelo InfoMoney.
Em tempo: A Turquia afirma estar buscando “soluções inovadoras” na disputa com a Austrália para sediar a COP31, argumentando que os dois países podem sair ganhando com negociações prolongadas sobre a cúpula do próximo ano. Após conversas com o ministro australiano da Mudança Climática e Energia, Chris Bowen, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York, o ministro do clima da Turquia, Murat Kurum, disse estar otimista sobre uma resolução. O presidente da COP29 do Azerbaijão, Mukhtar Babayev, ajudou a moderar algumas das discussões, informa o Guardian.



