
A cruzada anticlimática de Donald Trump não tem limites. Um terço dos Centros de Ciência de Adaptação Climática do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, sigla em Inglês) deve reduzir drasticamente suas atividades e possivelmente fechar suas portas a partir de hoje (30/9) devido à falta de fundos. O encerramento das atividades dos USGS do Sul-Central, Nordeste e Ilhas do Pacífico, que juntos cobrem cerca de um terço da população dos EUA e são financiados pelo Departamento do Interior do país, prejudicaria projetos destinados a ajudar pessoas, vida selvagem, terra e água a se adaptarem às mudanças climáticas.
O Washington Post – em matéria traduzida pela Folha – conversou com 10 pessoas que confirmaram os problemas de financiamento. Isso porque o encerramento das atividades não está diretamente relacionado a uma ordem federal, mas porque autoridades do Departamento do Interior não aprovaram a documentação que ajudaria a financiar os centros por mais cinco anos. O que no fim dá no mesmo.
A interrupção do financiamento surpreendeu muitos funcionários federais e universitários, que citaram amplo apoio político a seu trabalho. Os centros afetados atendem a uma ampla faixa de estados, incluindo Texas, Oklahoma, Louisiana, Novo México, Kentucky, Virgínia Ocidental, Pensilvânia, Nova York, Massachusetts e Havaí.
Os absurdos não param aí. Na semana passada, o Departamento de Energia dos EUA cancelou US$ 13 bilhões em financiamentos que faziam parte do que o “agente laranja” descreveu como a “agenda do Novo Golpe Verde” do governo Biden, segundo a Reuters. O mesmo departamento adicionou “mudança climática”, “verde” e “descarbonização” à sua crescente “lista de palavras a evitar” em seu Escritório de Eficiência Energética e Energia Renovável, de acordo com um e-mail emitido na sexta-feira e obtido pelo POLITICO.
O ataque de Trump às fontes renováveis, reforçado em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, mostra-se alheio à crescente dependência dos EUA nessa área, lembra a Forbes. As renováveis são as fontes de energia nova que mais crescem no país e serão responsáveis por 26% de toda a eletricidade a ser gerada neste ano, perdendo apenas para o gás, de acordo com as últimas estimativas federais.
Na ocasião, o “agente laranja” também disse não acreditar na ciência climática, o que é confirmado por sua perseguição a centros de pesquisa do tema. No entanto, em vez de adesão, Trump recebeu silêncio de líderes mundiais. Nada surpreendente diante do “discurso mais estúpido da história da ONU“, como resumiu o escritor ambientalista Bill McKibben.
Em tempo: O secretário do Interior dos EUA, Doug Burgum, anunciou o arrendamento de 5,3 milhões de hectares de terras federais para mineradoras de carvão, informam Bloomberg e Reuters. É mais do que o triplo inicialmente previsto na lei de financiamento massivo do presidente Donald Trump. Em outra frente carbonífera, o Departamento de Energia fornecerá US$ 625 milhões para a expansão da geração elétrica a carvão. Além disso, Lee Zeldin, da Agência de Proteção Ambiental (EPA, sigla em Inglês), disse que o órgão dará às usinas de carvão mais tempo para cumprir as regulamentações sobre cinzas com contaminantes como mercúrio, cádmio e arsênio e que devem ser descartadas com cuidado. O que certamente não tem a menor importância para o governo do “agente laranja”.



