
A iniciativa privada e nomes de peso do governo alemão, como o chanceler Friedrich Merz, têm apelado para que a União Europeia desista da proibição de motores de combustão até 2035. Para defensores, é necessário que a indústria automobilística do país – o principal setor da economia, liderado por Volkswagen AG, Mercedes-Benz e BMW AG – busque um caminho mais suave à neutralidade climática, segundo Bloomberg e Euronews.
Na 6ª feira (26/9), Merz afirmou que apresentará uma proposta para veículos híbridos em uma reunião informal de líderes da União Europeia que acontece hoje (1/10) em Copenhague (Dinamarca), seguida por uma outra reunião em Bruxelas (Bélgica) no final do mês.
Alguns aliados de Merz querem que a proibição seja reduzida ou eliminada, enquanto os sociais-democratas, parceiros na coalizão governista, seguem apoiando o limite de 2035. A regra foi introduzida no bloco em 2023, proibindo a venda de novos veículos a gasolina e diesel a partir de 2035, o que fez com que as montadoras precisassem se mexer desde já para reduzir suas emissões de carbono para a próxima década.
A indústria automobilística, claro, não gostou e vem fazendo um forte lobby contra a proibição. Líderes de empresas automotivas europeias se reuniram com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no início do mês. Eles alegam que o setor automobilístico alemão emprega cerca de 770 mil pessoas, excluindo fornecedores e que a regulamentação levará a uma perda de empregos indesejada.
“O verdadeiro problema, no entanto, é que a indústria automobilística alemã ficou de braços cruzados enquanto seus rivais na produção de carros elétricos, a Tesla e empresas chinesas, auxiliadas por enormes subsídios estatais, construíram o tipo de expertise e reputação que ainda falta na Alemanha”, analisou a jornalista Tania Roettger no Guardian.
De fato, enquanto o crescimento lento da demanda por carros elétricos europeus faz com que gigantes como Volkswagen e Stellantis, dona da Fiat e da Peugeot, pausem fábricas e reduzam jornada de trabalho, marcas chinesas como a BYD aumentaram suas vendas em quase 250% nos primeiros oito meses deste ano.
Em tempo: Apesar do fim de incentivos federais para veículos elétricos nos Estados Unidos, o mercado está mais quente do que nunca. O boom vem puxado por carros e caminhões elétricos seminovos, cujas vendas aumentaram 34% nos primeiros seis meses do ano, informa a Cox Automotive, uma empresa de serviços e tecnologia. "Era apenas uma questão de tempo até que as pessoas começassem a confiar em veículos elétricos usados o suficiente para se arriscarem, e isso teria um efeito cascata", disse Liz Najman, diretora de insights de mercado da Recurrent.A queda dos preços é um dos motivos apontados por especialistas para o crescimento da demanda. Bloomberg e Folha deram mais detalhes.



