
O Cerrado perdeu 40,5 milhões de hectares – cerca de 28% de vegetação nativa – nos últimos 40 anos, de acordo com análise do MapBiomas divulgada nesta 4ª feira (1º/10). A mudança, somada ao que já havia sido transformado antes do início da medição 1985-2024, resultou no desmate de quase metade (48%) da extensão natural do bioma.
A região é conhecida como “Berços das Águas” devido a sua função de reservatório hídrico para bacias como a Amazônica, Paraná-Paraguai e São Francisco, além dos aquíferos. A mudança do uso do solo gera impactos que o tornam mais vulnerável à crise climática, como fragmentação de habitats, pressão sobre os serviços ecossistêmicos e mudanças no regime hídrico.
O avanço do desmatamento sobre o MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) foi o mais intenso na última década, período no qual a região respondeu por 73% da reversão em uso do solo. Como O Globo ressaltou, o Cerrado perdeu o equivalente a uma Bahia e meia de vegetação nativa nas últimas quatro décadas.
A formação savânica foi a mais atingida no período, com perda de 26 milhões de hectares, seguida das formações florestais, 10 milhões de hectares, e dos campos alagados, 1 milhão de hectares.
As principais atividades responsáveis pelo desmate são o uso do solo para pasto, agropecuária e silvicultura. Apesar das pastagens ocuparem maior espaço, foi a agricultura a atividade que mais avançou nos últimos 40 anos, com aumento de mais de seis vezes desde 1985 – um avanço de mais de 22 milhões de hectares.
A cobertura de água no bioma também foi destaque no estudo. O Cerrado perdeu 249 mil hectares em superfície natural. Os corpos naturais como rios, lagos e veredas deram lugar à água antrópica, vinda de hidrelétricas, reservatórios, aquicultura e mineração, que hoje representa 60% da superfície de água do bioma.
Para a surpresa de ninguém, a maior parte da vegetação nativa conservada está nos Territórios Indígenas, que conseguem manter 97% do Cerrado integral, e nas Unidades de Conservação, além de áreas militares, ambas com 95% de conservação.
Agência Brasil, CNN Brasil, Metrópoles, g1 e VEJA repercutiram os dados do MapBiomas.



