
Prazo não tem sido o forte dos países no enfrentamento às mudanças climáticas. Anteontem (30/9) terminou o segundo deadline para que as nações submetessem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) à ONU – o primeiro venceu em fevereiro. Até o momento, 56 países cumpriram a tarefa. Em 2021, a cerca de 40 dias do início da conferência daquele ano (COP26, em Glasgow), essa lista era mais numerosa, com 113 NDCs entregues, como assinalaram O Globo e Pará Terra Boa.
Apenas as NDCs encaminhadas até a data limite serão incluídas no relatório-síntese da ONU para a COP30. A expectativa da Presidência da Conferência é que o número de contribuições aumente para ao menos 100 países antes do começo das negociações climáticas em Belém.
A ausência, até o momento, das NDCs da União Europeia e da Índia, outro emissor de peso, além da saída dos EUA do Acordo de Paris, causa preocupação. Sem esses compromissos, fica ainda mais imprevisível o desenrolar das negociações, além de aumentar a dificuldade para desatar um dos principais nós da agenda climática – o financiamento para países em desenvolvimento.
A apresentação da atualização das NDCs a cada cinco anos é um dever dos 195 signatários do Acordo de Paris, com objetivo de intensificar a redução de emissões e promover a adaptação climática. Uma análise do Carbon Brief mostrou que metade das emissões globais de gases de efeito estufa estava coberta com as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) apresentadas pelos países até semana passada.
Mas a falta dos compromissos de grandes emissores, como a União Europeia, que prometeu entregar suas metas a tempo da COP30, acendeu o alerta. Como disse o presidente Lula em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, chegar à Conferência sem essas referências é “caminhar com os olhos vendados para o abismo”.
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Em tempo 1: Mais de 200 organizações da sociedade civil divulgaram uma carta nesta 4a feira (1/10) cobrando a Presidência da COP30 mais ação contra a influência “descontrolada” da indústria de combustíveis fósseis e de outras empresas de alto impacto ambiental nas negociações climáticas. Os ativistas exortaram os organizadores da cúpula a dar o exemplo e comprometer-se com uma conferência "livre de poluidores", proibindo patrocínios de corporações cujas atividades alimentam as mudanças climáticas e encerrando sua parceria com a empresa de relações públicas Edelman, entre outras medidas. A Edelman obteve um contrato de US$ 835 mil para auxiliar a equipe da COP30 em sua estratégia de mídia internacional, enquanto trabalha com a Shell. A notícia é do Climate Home.
Em tempo 2: Uma COP em dois países distantes milhares de quilômetros um do outro? Ao que parece, poderá ser o caminho da conferência do clima de 2026. A Austrália pode dividir os direitos de sediar a COP31 com a Turquia, que está determinada a permanecer na disputa pelo evento, mesmo arriscando a candidatura dos dois países. A possibilidade é aventada pela Austrália porque, apesar de apenas uma nação poder exercer a presidência da COP, uma série de reuniões programadas acontecem antes e depois da cúpula dos líderes. Fontes disseram ao Guardian que havia precedentes de cúpulas climáticas anteriores que foram coorganizadas ou realizadas em diferentes locais.



