Dez anos do Acordo de Paris: Brasil avança em renováveis, mas desmate é desafio

Pecuária, grilagem e pressão pelo aumento de produção e uso de combustíveis fósseis são destaques de estudo.
8 de outubro de 2025
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Ibama / Creative Commons

Um estudo publicado na 2ª feira (6/10) pela iniciativa Deep Decarbonization Pathways (DDP) analisou como a ação climática global mudou desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015. O Brasil aparece com ganhos em energia renovável, mas com desmatamento, grilagem e aumento na produção de combustíveis fósseis como problemas em suas políticas climáticas.

A avaliação englobou 21 países e conclui que muitos governos adotaram políticas ambiciosas, mas que permanecem “desconectados de decisões políticas concretas” que levariam às suas implementações, destaca o Inside Climate News. A análise também revela que formuladores de políticas não utilizaram ferramentas-chave para cortar emissões a curto prazo, bem como medidas específicas para reduzir emissões da agricultura e do manejo florestal.

Segundo Emilio La Rovere, professor no Centro Clima da UFRJ, o Acordo de Paris foi muito importante para fazer com que os governos e o setor privado acreditassem que, mais cedo ou mais tarde, “a transição para a neutralidade climática realmente aconteceria”.

Voltando ao Brasil, apesar do país ter uma matriz elétrica quase 90% renovável, possui gargalos que inviabilizaram uma expansão maior dessas fontes. Um exemplo são as usinas eólicas subaproveitadas no Nordeste.

Quanto ao desmatamento, esse sim é o calcanhar de Aquiles das emissões brasileiras. Apesar da queda na Amazônia, a devastação florestal segue alta no país. O relatório destaca atividades poluentes e destruidoras como grilagem e pecuária, além da pressão pelo aumento de produção e uso de petróleo e térmicas a gás fóssil, inclusive perto de ambientes sensíveis, informa o ((o))eco.

Para La Rovere, porém, é possível mudar essa direção. Ele lembra do esforço brasileiro para reduzir emissões entre 2004 e 2012. “Foi um corte fenomenal. [Agora] A prioridade é dar um bom uso para 50 milhões de hectares de florestas públicas sem destinação, à mercê do desmate e da grilagem, além de tirar o gado e maquinário de florestas e demais áreas ocupadas ilegalmente.”

Em relação aos Estados Unidos, que saíram, pela 2ª vez do Acordo de Paris graças ao negacionista Donald Trump, o documento destaca que, nos últimos dez anos, o país “criou grandes obstáculos para o tipo de transição energética e econômica rápida necessária para apoiar resultados climáticos nacionais e globais” consistentes com os objetivos do Acordo.

Para mudar o cenário, no Brasil e no mundo, a ciência deve estar no centro de tudo, das escolhas e do monitoramento dos resultados, propõe o documento. O texto sugere que a cooperação global se organize em torno de prioridades domésticas como infraestrutura, tecnologia, inovação e, para o Sul Global, garantias compartilhadas entre os países e meios para reduzir o custo de capital.

“No Brasil, isso conversa com ações como o plano de transformação ecológica, uma estratégia de longo prazo anunciada pelo governo”, ressalta La Rovere.

Sustainable Views e Times of India também repercutiram o relatório.

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