
O mundo registrou um crescimento recorde da capacidade instalada de energia renovável em 2024, uma excelente notícia. No entanto, o valor é insuficiente para atingir a meta climática de triplicar a capacidade renovável até 2030, acordada por mais de 100 países na COP28, em Dubai, em 2023.
É o que aponta um relatório elaborado pela Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), Aliança Global de Renováveis e presidência brasileira da COP30 publicado na 3ª feira (14/10). Segundo o documento, 582 gigawatts (GW) renováveis foram instalados em 2024, um aumento de 15% sobre o ano anterior. Contudo, para se chegar à meta de 2030, é necessário manter uma taxa média anual de 16,6% entre 2025 e 2030, explica a Folha.
Assim, a capacidade total instalada das renováveis no mundo atingiu 4.443 GW no fim de 2024. Uma potência muito aquém dos 11.174 GW necessários para triplicar o volume combinado na COP28.
Apesar disso, o diretor-geral da IRENA, Francesco La Camera, disse à Reuters que a meta ainda pode ser alcançada. “Podemos chegar a mais de 700 gigawatts, talvez 750, de novas adições em 2025, o que significa que estamos fechando a lacuna”, afirmou.
Mesmo com o negacionismo dos Estados Unidos, que está tirando incentivos às energias solar e eólica e apoiando os combustíveis fósseis, La Camera acredita que a transição é irreversível. “O mercado de renováveis já fez sua escolha, é a forma mais barata de produzir eletricidade”, completou.
Para chegar lá, o relatório ressalta que os governos precisam de políticas mais eficazes de incentivo às renováveis; requalificar a força de trabalho; e melhorar as cadeias de suprimento e infraestrutura, como redes de transmissão de energia.
Na Pré-COP, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que é preciso agregar ambição e inovação para cumprir os compromissos da COP28, seja o aumento da energia renovável ou a eliminação dos combustíveis fósseis, informa a IstoÉ Dinheiro. Apesar do tema “transição energética” não estar na agenda oficial da COP30, Marina lembrou as chamadas adicionalidades: decisões sobre temas que estão fora da pauta de negociação e que são ferramentas decisórias para encaminhar ações para a descarbonização da economia.
Outro ponto levantado pela ministra é a transferência dos subsídios dados ao setor fóssil para a energia renovável, destaca a Agência Brasil. “Hoje esses subsídios variam de US$ 1,5 trilhão a US$ 7 trilhões. Em contraste, os subsídios e investimentos em energias renováveis são muito menores: cerca de US$ 170 bilhões nos países do G20, ou US$ 500 bilhões se incluirmos o investimento privado”, explicou.
Em tempo: A demanda por energia, impulsionada por data centers, provocou um crescimento em investimentos em tecnologia verde nos três primeiros trimestres de 2025. O valor já superou o total de 2024, conta a Bloomberg. Foram US$ 56 bilhões em negócios que vão desde energias renováveis a armazenamento e veículos elétricos. Apesar do avanço, especialistas avaliam que o ataque do governo Trump à política climática trará dificuldades futuras para o país gerar energia necessária para impulsionar o crescimento da sua indústria de tecnologia.



