
Os níveis de dióxido de carbono na atmosfera aumentaram em um ritmo recorde em 2024, mostra o relatório anual divulgado na 4ª feira (15/10) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). Segundo o documento, a média global de CO2 na superfície aumentou em 3,5 partes por milhão (ppm) de 2023 para 2024, chegando a 424 ppm. É o maior aumento desde o início das medições modernas, em 1957, informam Observatório do Clima e g1.
Segundo o Guardian, vários fatores contribuíram para a elevação: o aumento dos incêndios florestais, devido ao clima mais seco e quente; a influência do El Niño; a contínua queima de combustíveis fósseis, apesar do “transitioning away” firmado na COP28, em Dubai, em 2023; e a ação contínua e cada vez mais intensa das mudanças climáticas.
Além de mais emissões, os cientistas estão preocupados com a diminuição da capacidade de absorção de dióxido de carbono dos sumidouros naturais do planeta. Árvores, plantas em crescimento e o oceano são responsáveis pela absorção de cerca de metade de todas as emissões anuais de CO2. Mas, com os oceanos mais quentes e ácidos, a vegetação nativa sendo trocada por commodities e as plantas que não são desmatadas tendo dificuldade de crescer por conta do clima mais quente e seco, esses sumidouros estão perdendo seu potencial.
O relatório ainda também traz dados das concentrações atmosféricas de metano e óxido nitroso – o segundo e o terceiro gases de efeito estufa mais importantes relacionados às atividades humanas. E ambos seguem a tendência recorde do CO2 em 2024.
No caso do metano, a concentração média global no ano passado foi de 1942 partes por bilhão (ppb) – aumento de 166% acima dos níveis pré-industriais. Em relação às fontes, 60% das emissões são oriundas da exploração de combustíveis fósseis, pecuária, aterros sanitários e arrozais. Os 40% restantes provêm de fontes naturais. Nesse caso, os cientistas destacam que as mudanças climáticas estão fazendo com que áreas úmidas aumentem a produção natural de metano, criando um ciclo de retroalimentação.
Já a concentração média global de óxido nitroso atingiu 338,0 ppb em 2024, um aumento de 25% em relação ao nível pré-industrial. O gás de efeito estufa está relacionado com o uso de fertilizantes em monoculturas e em alguns processos industriais.
Os dados utilizados pela OMM em seu boletim anual são obtidos por meio de uma rede de 500 estações de monitoramento de gases do efeito estufa ao redor do mundo.
Reuters, Daily Mail, Bloomberg, Isto É, Olhar Digital, O Tempo, Folha PE e ABC também repercutiram o relatório.
Em tempo: Prometeu e não entregou: as emissões de metano do petróleo e gás continuam aumentando, apesar das “iniciativas voluntárias” das petrolíferas, mostra um relatório da Oil Change International. O documento indica que as emissões aumentaram 4,5% na produção desde a assinatura do Compromisso Global do Metano em 2021. A falta de progresso demonstra a necessidade de uma regulamentação governamental robusta, acompanhada de fiscalização e penalidades para o descumprimento de redução das emissões, frisa a organização.



