
Cerca de 80% dos mais pobres e vulneráveis do mundo – quase 900 milhões de pessoas – estão diretamente expostas a riscos climáticos, como calor extremo, inundações, secas ou poluição do ar. É o que mostra um relatório divulgado pelo Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) e pela Iniciativa Pobreza e Desenvolvimento Humano (OPHI) da Universidade de Oxford na última 6ª feira (17/10). O Índice de Pobreza Multidimensional Global de 2025 chama atenção para a urgência de compromissos climáticos mais ambiciosos na COP30.
Essa é a primeira vez que um levantamento cruza dados de risco climático com os índices de pobreza multidimensional, destaca a Alma Preta. A análise conclui que a pobreza não é um problema socioeconômico isolado, mas interligado a pressões e instabilidades planetárias.
De acordo com o documento, cerca de 1,1 bilhão de pessoas, ou 18% dos 6,3 bilhões de habitantes dos 109 países analisados, vivem em condições de pobreza “multidimensional aguda”, sendo metade delas menores de idade. Os dados avaliados incluem mortalidade infantil, acesso à moradia, ao saneamento, à energia elétrica e à educação, detalha a Folha.
O relatório ressalta a vulnerabilidade da África Subsaariana e do sul da Ásia, regiões particularmente afetadas pela pobreza, que são muito vulneráveis a eventos climáticos extremos. “Famílias empobrecidas são especialmente suscetíveis aos choques climáticos, pois muitas dependem de setores muito vulneráveis, como a agricultura e o trabalho informal”, reforça.
As adversidades climáticas, como enchentes, secas extremas, ondas de calor, poluição do ar, não se sobrepõem, como também podem acontecer repetidamente, o que agrava as condições dos impactados.
Dos 887 milhões de pessoas pobres e vulneráveis diretamente expostas a pelo menos uma ameaça climática, 608 milhões são afetados por ondas de calor; 577 milhões, pela poluição; 465 milhões, por inundações; e 207 milhões por cenários de seca.
Mais de 650 milhões de pessoas estão expostas a pelo menos dois riscos; 309 milhões, a três ou quatro; e 11 milhões de pessoas pobres já enfrentaram os quatro em apenas um ano, detalham GZH e UOL.
Para Haoliang Xu, administrador interino do PNUD, a COP30 é o momento para que os líderes mundiais considerem a ação climática como uma ação contra a pobreza. “As promessas climáticas nacionais devem revitalizar o progresso estagnado do desenvolvimento que ameaça deixar as pessoas mais pobres do mundo para trás”, afirmou.
Times Brasil, Poder 360 e Publico também noticiaram o relatório.
Em tempo: Com a aproximação da COP30, cresce a pressão sobre a governança climática internacional. A construção da resposta multilateral à crise climática tem diagnósticos mais claros, mas ao longo das décadas, apresentou avanço aquém da escala necessária. Por isso, a arquitetura climática internacional precisa superar metas voluntárias e mecanismos de monitoramento frágeis, além de governança fragmentada, que acentua assimetrias e dificulta a definição clara de responsabilidades dos atores, avalia Victoriana Leonora C. Gonzaga, advogada de Direito Internacional e Direitos Humanos, professora e palestrante no Um Só Planeta.



