MapBiomas: Mata Atlântica perdeu 11,5% de sua vegetação em 40 anos

Maior agente de destruição foi a agricultura; regeneração do bioma cresce em 30 anos, mas 22% das áreas recuperadas voltam a ser desmatadas.
28 de outubro de 2025
mapbiomas mata atlântica perdeu 11,5% de sua vegetação em 40 anos
Fernando Frazão/Agência Brasil

Bioma com menor cobertura vegetal natural do país, a Mata Atlântica tem hoje menos de um terço (31%) de cobertura vegetal natural. Nos 67% de sua área ocupados por algum tipo de uso antrópico, a agricultura foi a classe de uso da terra que mais cresceu, quase dobrando de área entre 1985 e 2024. É o que mostra o levantamento do MapBiomas lançado na 3ª feira (28/10) feito para os últimos 40 anos de transformações no bioma.

A perda de área florestal foi de 2,4 milhões de hectares, uma redução de 8,1% na área de florestas mapeada em 1985. E apesar da queda no ritmo do desmatamento nessas quatro décadas, os últimos cinco anos apresentaram uma média de 190 mil hectares de floresta desmatada por ano. Cerca de 50% do desmate registrado em 2024 ainda aconteceu em florestas maduras (com mais de 40 anos), que carregam grande parte da biodiversidade e do estoque de carbono, sendo as principais responsáveis pelos serviços ecossistêmicos desempenhados pela floresta, destaca o MapBiomas.

“A vegetação natural da Mata Atlântica foi suprimida para abrir espaço para atividades humanas desde o início da colonização do Brasil. Em 1985, ano de início da nossa série histórica, o bioma tinha apenas 27% de sua área florestal original”, explica Natalia Crusco, da equipe Mata Atlântica do MapBiomas. “De lá para cá, o ritmo de desmatamento foi diferente em cada uma das quatro décadas até 2024. Depois da promulgação da Lei da Mata Atlântica (em 2006), é possível notar inclusive um ligeiro aumento na área florestada do bioma.”

O estudo mostra que 4,9 milhões de hectares de vegetação foram regenerados em 30 anos, de 1993 a 2022, o que inclui floresta, mangue e restinga arbórea. Desse total, cerca de 3,8 milhões de hectares (78%) permanecem de pé, a chamada recuperação persistente. Por outro lado, 1,1 milhão de hectares (22%) das áreas recuperadas voltaram a ser desmatados, informa a Folha.

Entre 2005 e 2014, pela primeira vez, a regeneração superou o desmate, com ganho líquido de 200 mil hectares. Essa tendência, porém, se estagnou na década seguinte, de acordo com o g1. “O ritmo de perda e de recuperação voltou a se equilibrar nos últimos anos”, explica Natalia.

A Mata Atlântica concentrava 51% da área urbanizada do Brasil em 2024, área que mais do que duplicou (133%) nos últimos 40 anos, com um aumento de 1,3 milhão de hectares. Três em cada quatro municípios (77%) tiveram expansão de até cinco vezes de sua área urbanizada em relação a 1985, com 10% dessa expansão ocorrendo sobre áreas naturais. Contudo, mais de 80% das cidades da Mata Atlântica têm áreas urbanizadas pequenas, com menos de 1.000 hectares. Apenas três capitais têm mais de 30.000 hectares: São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.

Agência Brasil, Jornal da Globo, Brasil de Fato, Veja e CNN também noticiaram o novo levantamento do MapBiomas.

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