
A maneira encontrada pelo Brasil para proteger a COP30 dos retrocessos de países como os Estados Unidos e a Argentina, presididos respectivamente pelos negacionistas Donald Trump e Javier Milei, é nortear a conferência pela “lógica econômica do combate às mudanças climáticas”. A avaliação é do presidente da COP brasileira, o embaixador André Corrêa do Lago.
Há países que acreditam que deixar o Acordo de Paris resolve o problema climático, provocou Corrêa do Lago. Mas, frisou o embaixador, cada vez mais organizações especializadas em clima apontam que a COP é vista não apenas pelo âmbito climático e ambiental, mas também pelos impactos à economia das nações, destaca a Exame.
“Estamos em um novo estágio do debate. Todo país chega à COP influenciado pelos grandes setores da sua economia, mas até mesmo os grupos mais conservadores passam a temer as perdas que podem ser causadas pelo clima.”
Se a questão é [também] econômica, o presidente da COP30 vê a captura de carbono como um dos grandes temas da conferência, segundo a Times Brasil. A ausência dos EUA na COP e a sanha de Trump de jogar fora compromissos de cortar emissões podem acelerar o avanço de soluções para o sequestro de carbono, uma vez que as nações que desenvolverem tecnologias de captura poderão receber investimentos diretos por isso, de acordo com o embaixador.
Um parêntese à proposta de Corrêa do Lago: tecnologias de captura de carbono são bem-vindas. A restauração de florestas, por exemplo, é uma delas, e baseada na Natureza. Mas é preciso investir em inovações tecnológicas para sequestrar o carbono já emitido, não como “licença” para ampliar as emissões atuais, como pretendem as petrolíferas mundiais quando aplicam recursos em captura e armazenagem de carbono (CCS).
Voltando à pauta da COP30, Corrêa do Lago repetiu que espera que a adaptação climática seja uma “prioridade absoluta” da conferência, de acordo com a Agência Brasil. E ao UOL, ele disse que reduzir o impacto das conferências do clima a um único documento final é um erro. Para ele, os resultados da COP se desdobram em várias frentes, como ciência, economia e sociedade, e que por isso ela não pode ser medida somente pelo momento de consenso formal.
Mas, claro, obter consensos está nos planos. Para isso, de acordo com a Folha, o Brasil planeja exercer liderança no debate climático evitando ser visto como alguém interessado em um dos lados da discussão. O governo quer tirar de sua agenda discursos polarizadores e planeja demonstrar a imagem de um ator confiável em busca de consensos.
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, orientou o corpo diplomático a evitar o tom reivindicatório nas discussões ambientais e a exercer, em vez disso, uma liderança moderada. O objetivo é desempenhar mais o papel de um juiz em busca de acordos do que o de um jogador com interesses isolados.
-
Em tempo 1: O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o aporte de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 54 milhões) em recursos públicos para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) até 2026 seria suficiente para começar a remunerar os países que protegem sua vegetação, informa a Folha. Essa é a cifra que o governo almeja conseguir de países durante a COP30, informam CNN e Agência Brasil. Uma meta “ambiciosa, mas possível”, disse Haddad.
Em tempo 2: Alinhado com Donald Trump, dos EUA, e Javier Milei, da Argentina, o presidente do Paraguai, Santiago Peña, também não viajará a Belém para a Cúpula dos Líderes da COP30, nos dias 6 e 7 de novembro. À CNN, a presidência paraguaia alegou que a ausência se deve a uma “sobreposição de compromissos”.
Em tempo 3: Segundo dados da Secretaria Extraordinária da COP30 (Secop), até 2ª feira (3/11) delegações de 28 países ainda negociavam hospedagem para participar da conferência, segundo a Folha. Outras 159 nações confirmaram ter reservas de acomodação para o evento.



