
Um copo meio cheio, um copo meio vazio. É com estes clichê que se pode classificar a tão aguardada meta climática da União Europeia. A cinco dias da COP30, os parlamentares do bloco chegaram, enfim, a um consenso: reduzir as emissões em 90% até 2040, em relação aos níveis de 1990, mas com alguns atenuantes ou concessões.
Outro ponto criticado é a possibilidade de revisão da meta geral em 2040, caso os sumidouros de carbono terrestres tenham desempenho inferior ao esperado. Se o sequestro de carbono por esses ecossistemas não atender às expectativas, parlamentares poderão reajustar a meta climática. O WWF classificou a decisão como “uma carta branca para reduzir a meta se não fizerem o suficiente para proteger seus sumidouros de carbono naturais”, destaca a Earth.org.
Para alguns legisladores, a meta cumpre o prometido. “Sejamos claros, temos um Parlamento Europeu mais focado na competitividade do que no clima no momento, e os Estados-membros estão preocupados com a desindustrialização. Algo tinha que ceder”, afirmou Jahn Olsen, chefe de produtos ambientais da Energy Aspects.
Outras concessões sobre a meta de 2040 foram o adiamento do ETS2, que regula o mercado de carbono para setores de transporte e construção – será efetivado apenas em 2028; a previsão de debater biocombustíveis como método de descarbonização; a compra de certificados internacionais a partir de 2031, cinco anos antes do previsto; e a avaliação bienal pela Comissão Europeia sobre implementação de metas e trajetórias intermediárias – o que pode criar mudanças legislativas, listam Bloomberg e Folha.
“O uso de ‘lavagem de carbono’ no exterior para atingir a meta nominal significa que o próprio compromisso da UE é muito menor, e esse compromisso significa ainda menos com uma cláusula incorporada para diluir a meta a cada dois anos. É como prometer correr uma maratona treinando apenas 10 km, pegando o ônibus para o último quilômetro e reservando o direito de simplesmente ficar em casa se chover”, afirmou Thomas Gelin, ativista climático do Greenpeace.
Os atuais compromissos globais de redução das emissões colocam o mundo em um caminho para o aumento da temperatura de 2,6°C a 3,1°C, mostrou uma análise do PNUMA. Para manter o 1,5°C do Acordo de Paris, é necessário fazer cortes rápidos e sem precedentes nas emissões, o que significaria redução de 40% das emissões em 2030, em relação a 2019.
Valor, Al Jazeera, Reuters, edie, Financial Times, POLITICO e Euractiv também repercutiram a meta climática da União Europeia.



