“Mapa do Caminho” para fim dos combustíveis fósseis tenta driblar resistências na COP30

Proposta defendida por Lula enfrenta oposição de cerca de 70 países e pode não avançar em negociação formal, apenas na paralela.
13 de novembro de 2025
mapa do caminho lula marina
Hermes Caruzo/COP30

Avançar com o “Mapa do Caminho” para eliminar os combustíveis fósseis, proposta feita pelo presidente Lula na Cúpula de Líderes e em seu discurso na abertura da COP30, não será fácil. Segundo quatro negociadores ouvidos pela Folha, existe a possibilidade de que o tema seja tratado formalmente nas negociações do evento. Mas sua maior chance de avanço seria “driblando” os caminhos tradicionais.

A ideia do mapa, defendida pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é desenhar critérios para o mundo reduzir e zerar sua dependência de petróleo, gás fóssil e carvão sem causar prejuízo a economias ou populações mais vulneráveis. A presidência da COP30 avalia alguns ângulos de abordagem diferentes para essa trajetória e avalia entre os países qual teria maior adesão.

Os negociadores admitem que é difícil fazer com que essa pauta seja debatida formalmente na conferência. Na Pré-COP, em Brasília, diplomatas da Arábia Saudita se incomodaram ao ver o tema ser mencionado em algumas discussões, o que também ocorre em Belém, segundo o g1. Já alguns países europeus demonstraram uma abertura maior que o normal para tratar de transição, segundo um negociador.

Em paralelo, há a tentativa de mobilizar os países pan-amazônicos em prol da ideia por meio do G9, coalizão de Povos Indígenas da Amazônia para pressionar os governos. A iniciativa visa tanto exigir a demarcação de territórios como o fim da exploração de combustíveis fósseis na região.

Nações em desenvolvimento, especialmente as da África, opõem-se pelo receio de que reduzir o uso dos combustíveis fósseis traga prejuízos sociais. Um negociador do grupo de países do continente disse que em muitos lugares é necessário primeiro garantir o acesso à eletricidade para depois pensar em transição energética. Por essa e outras razões, negociadores avaliam que cerca de 70 países são muito resistentes à ideia, o que aumenta a dificuldade.

Mas um líder político [que não é Lula] tentará “quebrar” essa barreira: o presidente colombiano Gustavo Petro. Segundo o UOL, um documento intitulado “Declaração de Belém sobre Combustíveis Fósseis” deve ser lançado na 2ª feira (17/11) na COP30. A proposta vem da Colômbia, que pediu assinaturas a pelo menos 50 países que participam das negociações. Vale lembrar que Petro cobrou Lula sobre o tema na Cúpula da Amazônia de 2023.

Organizações da sociedade civil também aproveitam a COP30 para reforçar o discurso pelo fim dos combustíveis fósseis, informa a Folha. Principalmente pelo fato da Petrobras ter conseguido uma licença do IBAMA para perfurar um poço na Foz do Amazonas poucos dias antes da conferência do clima.

Jornal do Comércio e O Popular também repercutiram as dificuldades para o “Mapa do Caminho”.

  • Em tempo: A resistência ao fim dos combustíveis fósseis tem relação direta com o poder político e financeiro das petrolíferas. O DW mostra que, na década que se seguiu à assinatura do Acordo de Paris sobre o clima, as grandes empresas de combustíveis fósseis lutaram arduamente para proteger seus negócios, investindo milhões em seus lobbies e apoiando políticos que levantam questionamentos em relação às mudanças climáticas – com algum sucesso, como mostra Donald Trump nos EUA. "Tanto na COP28 quanto na COP29, lobistas dos combustíveis fósseis compareceram aos milhares, ofuscando muitas delegações, em particular as dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas", disse Erika Lennon, advogada sênior do Centro de Direito Ambiental Internacional em Washington.

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