COP30 avança com pacote sobre financiamento, metas climáticas e medidas comerciais

18 de novembro de 2025
cop30 financiamento metas climáticas medidas comerciais
Bruno Peres/Agência Brasil

A divisão de decisões em pacotes faz parte da estratégia da presidência brasileira para tentar destravar pontos desafiadores.

Para avançar com quatro pontos “polêmicos” nesta semana decisiva da COP30, a presidência brasileira alinhou na 2ª feira (17/11) um acordo para tratá-los em pacote numa única decisão. A negociação paralela envolve os temas de financiamento, metas climáticas mais ambiciosas, medidas comerciais unilaterais e relatórios de transparência, explica a Folha.

A partir de agora, o cronograma da COP30 é remodelado para abarcar este modelo. O restante da agenda entra em outro bloco. Um exemplo de como irá funcionar: de um lado, nações em desenvolvimento querem falar de financiamento; de outro, europeus querem falar de metas climáticas mais ambiciosas. A solução é a construção de uma decisão conjunta que encaminhe os dois assuntos ao mesmo tempo.

“Vamos buscar antecipar ao máximo os resultados dessa COP, em dois pacotes: um que vamos tentar fechar até metade da semana, e um segundo pacote que vamos tentar fechar até 6ª feira”, afirmou o presidente da conferência, André Corrêa do Lago. Ele lançou uma inesperada carta para explicar a estratégia, já usada pelo Brasil no G20 e no BRICS.

“O desafio daqui em diante é saber se o Brasil vai aproveitar esses dois pilares, financiamento e ambição, para conduzir um resultado robusto, ou permitir que o processo caia no denominador comum mais baixo. Igualmente crítico é saber se a Europa e outros países desenvolvidos vão aumentar sua ambição em financiamento climático para viabilizar um acordo”, analisa Andreas Sieber, da 350.org, na Sumaúma.

Na 4ª feira (19/11), Lula deve voltar a Belém para ajudar nas negociações de uma nova “dinâmica na diplomacia climática”, analisa a Reuters. O tabuleiro mexeu com a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, deixando a União Europeia enfrentando dificuldades para pautar suas demandas, enquanto há uma “demonstração de força” de países em desenvolvimento, como China e Índia.

Esse segundo grupo quer ver a cor do dinheiro antes de se comprometer com a transição para longe dos combustíveis fósseis, e até mesmo com as metas globais de adaptação (GGA). A Indonésia, por exemplo, tem planos de desativar 6,7 gigawatts de capacidade de termelétricas a carvão até 2030. Mas o representante do país disse que se não houver investimento, a rota pode mudar.

Na Bloomberg, negociadores de países desenvolvidos disseram que a oposição ao “mapa do caminho” para o fim dos combustíveis fósseis proposto pelo presidente Lula pode ser forte demais para conseguirem incluí-lo no resultado final. O cenário que se forma, por ora, é a construção de uma coalizão de países dispostos a avançar com um processo voluntário. Ou ainda um compromisso de discuti-lo ao longo do próximo ano.

Enquanto o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, denunciou com todas as letras a obstrução da Arábia Saudita nas negociações, países como Alemanha, Reino Unido, Dinamarca e Quênia apoiam a inclusão da proposta no texto final da conferência, informa a Folha.

UOL e CNN Brasil também falaram sobre o assunto.

  • Em tempo 1: O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) ficou aquém das metas originais traçadas pelo governo brasileiro, mas recebeu elogios de um dos principais executivos globais de finanças sustentáveis, informa o UOL. Para Daniel Hanna, chefe de finanças sustentáveis e de transição energética do Barclays, um dos principais bancos do Reino Unido, o fundo "acertou na arquitetura" e criou um caminho seguro para atrair capital privado para a proteção de florestas tropicais. Até o momento, Brasil, Noruega, França e Indonésia anunciaram aportes. O objetivo do Brasil é alavancar até US$ 125 bilhões, entre recursos públicos e privados.

  • Em tempo 2: Um pequeno grupo de países quer impor uma taxa sobre jatos particulares e passagens aéreas premium. Esse seria o primeiro imposto sobre riqueza do mundo, e o valor arrecadado ajudaria nações a se adaptarem às mudanças climáticas. Os únicos países industrializados a apoiarem a iniciativa são Espanha e França. A maioria das nações que compõem à Coalizão Solidária de Passageiros Premium são países em desenvolvimento, como Benin, Djibuti, Quênia, Nigéria, Serra Leoa, Somália e Sudão do Sul e Brasil. O New York Times dá mais detalhes.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar