COP30 sem mapa do caminho nem novo texto de negociação 

Ida de Lula a Belém para acelerar negociações e destravar impasses sobre temas espinhosos acabou não rendendo anúncios na conferência.
20 de novembro de 2025
cop30 mapa do caminho texto negociação
Sergio Moraes/COP30

Não teve mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis, nem novo texto sobre as negociações. Cercada de expectativa, a 4ª feira (19/11) da COP30 frustrou tanto quem esperava uma sinalização forte sobre o roteiro para acabar com petróleo, gás fóssil e carvão quanto negociadores, instados a chegar a um consenso até amanhã, último dia oficial do evento. A presidência prometeu divulgar um novo rascunho na manhã de hoje (20/11). Já o mapa…

Havia a expectativa de que a ida do presidente Lula a Belém serviria para destravar impasses e culminar com novos passos para o “roadmap” dos combustíveis fósseis e novidades efetivas sobre as negociações, sobretudo em relação a financiamento climático e adaptação. Após várias reuniões, Lula fez um pronunciamento, mas sem anúncios, informa O Globo.

“O Brasil quer mostrar que é possível e (chamar outras nações) para tentarmos construir juntos”, disse o presidente sobre as negociações. Também destacou que o Brasil “respeita a soberania” dos outros países presentes na conferência.

O presidente voltou a defender o mapa do caminho para a transição além dos combustíveis fósseis, informa a Folha, ideia elaborada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e proposta por ele já na Cúpula de Líderes.

“[Cada país] pode fazer dentro do seu tempo, dentro das suas possibilidades, mas estamos falando sério: é preciso que a gente diminua a emissão de gás de efeito estufa. Se o combustível fóssil é uma coisa que emite muitos gases, nós precisamos começar a pensar como viver sem combustível fóssil.”

A proposta tinha recebido o apoio de mais de 80 países antes da ida de Lula a Belém. No entanto, cresceu também a resistência ao roadmap, reconhecida pela própria diretora-executiva da COP30, Ana Toni [leia aqui]. 

De acordo com a CNN Brasil, a inclusão do mapa do caminho nas decisões da COP30 não é consenso nem entre os brasileiros. Enquanto Marina Silva defende que o texto final contenha um desenho mais assertivo para o roadmap, a diplomacia entende ser plausível incluir apenas uma menção intermediária e mais branda, sob pena de prevalecer a terceira opção – nenhuma menção.

O fato é que, no geral, a primeira versão do texto das negociações, divulgada na 3ª feira (18/11), desagradou especialistas, ambientalistas e delegados, por apresentar propostas consideradas fracas. O mapa do caminho fósseis, por exemplo, foi citado de forma tímida. E a abordagem a outros temas espinhosos, como financiamento, metas climáticas e adaptação, também deixou a desejar.

Em declaração oficial divulgada ontem à noite, a delegação da França disse que o esboço não apresentava “um nível de ambição suficiente para manter o aumento de temperatura abaixo de 2°C, sem sequer chegar a 1,5°C”, e que há necessidade de revisão desse ponto, segundo a Folha. Os franceses defenderam uma linguagem mais ambiciosa sobre os combustíveis fósseis e sua eliminação.

A delegação francesa ainda apontou a existência de uma demanda quanto a adaptação climática e o financiamento de tais ações. E se disse aberta a atender demandas nesse sentido, mas com uma ressalva: “Não adianta investir nas questões de adaptação se não temos o que queremos em termos de mitigação [das emissões de carbono], porque será um ciclo sem fim. Quanto mais permitirmos que as emissões aumentem, maiores serão as exigências em relação à adaptação. E é por isso que precisamos de uma abordagem mista.”

  • Em tempo 1: Além dos combustíveis fósseis, Lula também sugeriu que a COP30 apresentasse um mapa do caminho para o desmatamento zero no mundo. Mas a proposta caiu num vácuo da conferência, informa o Climate Home. O mapa também foi destacado pela ministra do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, Irene Vélez-Torres. Ela aponta o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) como uma conquista de Belém, mas reforça que é preciso mais. “Definimos a meta – o compromisso de acabar com o desmatamento até 2030 – agora precisamos cumpri-la”, disse, no BackChannel.

  • Em tempo 2: Depois do papelão xenofóbico e eurocêntrico do premiê da Alemanha, Friedrich Merz, sobre Belém, o país anunciou que vai investir 1 bilhão de euros (US$ 1,15 bilhão) ao TFFF, informou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Com isso, o total de recursos públicos aplicados no fundo florestal até o momento supera US$ 6,5 bilhões, informam O Globo e Agência Brasil.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar