
Não teve mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis, nem novo texto sobre as negociações. Cercada de expectativa, a 4ª feira (19/11) da COP30 frustrou tanto quem esperava uma sinalização forte sobre o roteiro para acabar com petróleo, gás fóssil e carvão quanto negociadores, instados a chegar a um consenso até amanhã, último dia oficial do evento. A presidência prometeu divulgar um novo rascunho na manhã de hoje (20/11). Já o mapa…
Havia a expectativa de que a ida do presidente Lula a Belém serviria para destravar impasses e culminar com novos passos para o “roadmap” dos combustíveis fósseis e novidades efetivas sobre as negociações, sobretudo em relação a financiamento climático e adaptação. Após várias reuniões, Lula fez um pronunciamento, mas sem anúncios, informa O Globo.
“O Brasil quer mostrar que é possível e (chamar outras nações) para tentarmos construir juntos”, disse o presidente sobre as negociações. Também destacou que o Brasil “respeita a soberania” dos outros países presentes na conferência.
O presidente voltou a defender o mapa do caminho para a transição além dos combustíveis fósseis, informa a Folha, ideia elaborada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e proposta por ele já na Cúpula de Líderes.
“[Cada país] pode fazer dentro do seu tempo, dentro das suas possibilidades, mas estamos falando sério: é preciso que a gente diminua a emissão de gás de efeito estufa. Se o combustível fóssil é uma coisa que emite muitos gases, nós precisamos começar a pensar como viver sem combustível fóssil.”
A proposta tinha recebido o apoio de mais de 80 países antes da ida de Lula a Belém. No entanto, cresceu também a resistência ao roadmap, reconhecida pela própria diretora-executiva da COP30, Ana Toni [leia aqui].
De acordo com a CNN Brasil, a inclusão do mapa do caminho nas decisões da COP30 não é consenso nem entre os brasileiros. Enquanto Marina Silva defende que o texto final contenha um desenho mais assertivo para o roadmap, a diplomacia entende ser plausível incluir apenas uma menção intermediária e mais branda, sob pena de prevalecer a terceira opção – nenhuma menção.
O fato é que, no geral, a primeira versão do texto das negociações, divulgada na 3ª feira (18/11), desagradou especialistas, ambientalistas e delegados, por apresentar propostas consideradas fracas. O mapa do caminho fósseis, por exemplo, foi citado de forma tímida. E a abordagem a outros temas espinhosos, como financiamento, metas climáticas e adaptação, também deixou a desejar.
Em declaração oficial divulgada ontem à noite, a delegação da França disse que o esboço não apresentava “um nível de ambição suficiente para manter o aumento de temperatura abaixo de 2°C, sem sequer chegar a 1,5°C”, e que há necessidade de revisão desse ponto, segundo a Folha. Os franceses defenderam uma linguagem mais ambiciosa sobre os combustíveis fósseis e sua eliminação.
A delegação francesa ainda apontou a existência de uma demanda quanto a adaptação climática e o financiamento de tais ações. E se disse aberta a atender demandas nesse sentido, mas com uma ressalva: “Não adianta investir nas questões de adaptação se não temos o que queremos em termos de mitigação [das emissões de carbono], porque será um ciclo sem fim. Quanto mais permitirmos que as emissões aumentem, maiores serão as exigências em relação à adaptação. E é por isso que precisamos de uma abordagem mista.”
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Em tempo 1: Além dos combustíveis fósseis, Lula também sugeriu que a COP30 apresentasse um mapa do caminho para o desmatamento zero no mundo. Mas a proposta caiu num vácuo da conferência, informa o Climate Home. O mapa também foi destacado pela ministra do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, Irene Vélez-Torres. Ela aponta o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) como uma conquista de Belém, mas reforça que é preciso mais. “Definimos a meta – o compromisso de acabar com o desmatamento até 2030 – agora precisamos cumpri-la”, disse, no BackChannel.
Em tempo 2: Depois do papelão xenofóbico e eurocêntrico do premiê da Alemanha, Friedrich Merz, sobre Belém, o país anunciou que vai investir 1 bilhão de euros (US$ 1,15 bilhão) ao TFFF, informou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Com isso, o total de recursos públicos aplicados no fundo florestal até o momento supera US$ 6,5 bilhões, informam O Globo e Agência Brasil.



