Colômbia assume protagonismo e anuncia conferência para fim dos combustíveis fósseis

Sem Brasil, grupo de 37 países mobilizam coletiva pressionando por um roteiro claro para abandonar os combustíveis fósseis.
21 de novembro de 2025
cop30 colômbia fim dos combustíveis fósseis
Crispim Khisetje/ Fossil Fuel Treaty Initiative

A ausência dos combustíveis fósseis no novo rascunho do acordo final trouxe revolta no último dia oficial da COP30. Horas depois da divulgação, um grupo de 37 países, liderados pela Colômbia, mobilizaram uma coletiva de imprensa para pedir respostas à presidência da conferência sobre o mapa do caminho. E foram além: anunciaram uma nova conferência para tratar exclusivamente de um roteiro urgente para acabar com petróleo, gás fóssil e carvão.

Folha e Exame destacam a fala da ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Irene Vélez: “A COP30 não pode terminar sem um roteiro claro, justo e equitativo para abandonar os combustíveis fósseis no mundo. Mais de 80 países apoiam um mapa do caminho. A Colômbia já apresentou a ‘Declaração de Belém para a Transição dos Combustíveis Fósseis’”.

Ainda que timidamente, o “roadmap” proposto pelo presidente Lula na Cúpula de Líderes anterior à COP30 tinha aparecido na primeira versão do texto, mas sumiu na versão da madrugada da 6ª feira (21/11). A ideia do mapa é da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva – que foi lembrada na coletiva, apesar de não haver um representante do Brasil.

Além da Colômbia, a “Declaração de Belém” tem como signatários países europeus, como Irlanda, Luxemburgo, Espanha, Holanda; insulares – extremamente vulneráveis à crise climática – como Fiji, Ilhas Marshall, Vanuatu e Tuvalu; e latino-americanos, como Costa Rica, Panamá e Chile.

Uma adesão de última hora – e inesperada – foi a da Austrália, um dos maiores produtores de carvão que historicamente costuma travar negociações. O movimento veio após o anúncio de que o país será responsável pelas negociações da COP31, em 2026, que será realizada na Turquia.

Já a nova conferência deve acontecer em Santa Marta, na Colômbia, em 28 e 29 de abril de 2026. A ideia é fazer dela uma “plataforma complementar” à Convenção do Clima (UNFCCC), composta por governos e setores da sociedade civil, que analisarão os caminhos legais, econômicos e sociais para a eliminação dos combustíveis fósseis, informa o Observatório do Clima.

“Vamos discutir mecanismos financeiros, de comércio, desafios macroeconômicos, fim de subsídios aos fósseis, salvaguardas para o extrativismo, aceleração das energias renováveis, diversificação econômica, entre outros temas”, anunciou Irene.

“Não podemos esperar”, reforçou a representante das Ilhas Marshall, Tina Stege. “Esse mapa do caminho é inevitável, ele vai acontecer. Esses países se uniram para garantir que ele vai acontecer”, completou.

Mídia Ninja, O Globo, eixos, Pará Terra Boa, Capital Reset, Carta Capital, BNC Amazonas, Business Green, Down to Earth, AFP e POLITICO também trataram a pressão de países para o mapa do caminho e a nova conferência para o abandono de combustíveis fósseis.

  • Em tempo: No Casa Ninja Amazônia, Susana Muhamad, ex-ministra de Meio Ambiente da Colômbia, foi curta e grossa sobre o rascunho da presidência da COP30 divulgado na madrugada de ontem. "[O texto] é extremamente pobre. O nível é embaraçoso. Não há nenhuma decisão, nem mesmo o mapa de florestamento [pelo fim do desmatamento], nem o mapa de saída dos combustíveis fósseis, nem de financiamento da adaptação, nem os minerais críticos. E por quê?  Porque há um veto dos ‘contaminantes’. Aqui precisamos superar os que querem sabotar essa COP", frisou. Os “contaminantes”, relata a CNN Brasil, são os países árabes, maiores produtores de combustíveis fósseis; países africanos, que não querem mais uma obrigação para ser cumprida; e a China, que acredita que ainda não é o momento para tratar do assunto.

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