
A COP30 pegou fogo na 5ª feira (20/11). Literalmente. Por volta das 14h, um incêndio em uma área da Zona Azul da conferência assustou delegados, observadores e jornalistas. As chamas foram rapidamente controladas, mas a Blue Zone foi totalmente evacuada. Além das causas do fogo, outra grande dúvida era como se encaminhariam as negociações após o incidente.
Depois de uma quarta-feira frustrante, sem anúncios nem rascunhos, a presidência da COP30 havia prometido liberar uma nova proposta de texto na manhã de ontem. Nada. Nesse ínterim, surgiram boatos de que o mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis, que já está sendo considerado como a grande entrega da conferência em Belém, estava “subindo no telhado” e não seria nem uma nota de rodapé no documento final.
Enquanto o tempo passava e a nova proposta do comando da COP30 não aparecia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, cobrava as partes em um novo discurso na conferência. Guterres fez um novo chamado pela redução dos combustíveis fósseis, informa O Globo. Disse que a meta de 1,5°C do Acordo de Paris é inegociável, segundo a Folha. E provocou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou O Tempo.
“Precisamos reduzir drasticamente os combustíveis fósseis, proteger a economia dos combustíveis fósseis e apostar nas energias renováveis”, disse o secretário da ONU. “Não haverá solução sem uma transição justa para longe dos combustíveis fósseis”, completou, conclamando os países a uma nova coalizão para energia verde e ressaltando que em todas as negociações sempre há fase de divergências, informa o InfoMoney.
Assim, Guterres pediu engajamento de negociadores e ministros nas discussões para chegar a um compromisso. “Manter a meta de 1,5°C deve ser a sua única ‘linha vermelha'”, acrescentou, em referência ao jargão usado no meio diplomático para tratar de condições inegociáveis. “Apelo fortemente a todas as delegações para mostrar vontade e flexibilidade para transmitir resultados que protejam as pessoas e mantenham o limite de 1,5°C.”
Guterres pediu mais ambição dos países na reta final da conferência em Belém para viabilizar o financiamento climático, relata o g1. E reforçou que nenhuma mudança pode acontecer sem um financiamento acessível, lembrando as consequências devastadoras que as mudanças climáticas já causam para milhões de pessoas em todo o mundo.
Na coletiva de imprensa, o secretário da ONU foi questionado sobre qual seria a mensagem que ele gostaria de deixar a Trump (os EUA não enviaram delegação a Belém e estão deixando o Acordo de Paris). A resposta de Guterres: “Estamos esperando por você.”
Guterres falou e o ansiado texto da presidência da COP30 não chegou. Com o incêndio e a evacuação da Zona Azul, as negociações, que já estavam nebulosas (e não pela fumaça das chamas), pararam de vez. Delegações foram instadas a voltar para seus hotéis e aguardar informações da Presidência e da Convenção do Clima (UNFCCC).
Mesmo com a volta aos trabalhos às 2Oh30 de ontem, a pretensão do presidente da COP, André Corrêa do Lago, de concluir a conferência no prazo – hoje – já era considerada ousada. Sem texto, sem mapa do caminho dos combustíveis fósseis e com um inesperado incêndio, as conversas devem ir longe. Baku, que só terminou a COP29 dois dias depois, na madrugada de domingo, que aguarde Belém.
Agência Brasil, CNN Brasil, Folha, Business Green, Straits Times, Reuters, eixos, CNN Brasil e Guardian repercutiram o incêndio na COP30 e as falas de Guterres.
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Em tempo 1: A We Mean Business Coalition, grupo de 120 empresas e organizações do setor privado e governos subnacionais, entregou à presidência da COP30 uma carta pedindo compromisso dos países com um roteiro para a transição para longe dos combustíveis fósseis, informa a eixos. Empresas como EDF, Fortescue, H&M Group, Natura, Saint-Gobain e Volvo se uniram ao movimento, em um apelo para que o roadmap traga sinais claros para os investimentos.
Em tempo 2: China e petroestados, incluindo a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, estão entre os países que recebem grandes somas de financiamento climático. O Carbon Brief e o Guardian analisaram dados de mais de 20 mil projetos climáticos globais financiados com dinheiro público de países desenvolvidos, incluindo números oficiais de 2021 e 2022, publicados recentemente. A análise revela um sistema amplamente eficaz que transfere capital de países ricos poluidores para nações vulneráveis, ajudando-as a limpar suas economias e a se adaptar a um mundo mais quente. Mas também constatou que, como a distribuição da maior parte dos fundos não tinha supervisão central e ficava inteiramente a critério de cada país, estava sujeita a interesses políticos e nem sempre era direcionada para onde era mais necessária.



