
A discussão sobre o mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis deve prosseguir pós-COP30. Segundo o presidente da conferência, André Corrêa do Lago, mesmo fora da decisão final, o tema ganhou holofote inédito na agenda climática.
“Ele [o mapa do caminho] trouxe uma nova dimensão para a COP e aumentou sua relevância política. Foi um desafio no processo, mas um acerto político ter pautado isso nas negociações”, afirmou à Folha.
O plano enfrentou resistência, principalmente de petroestados e países produtores de carvão, como Arábia Saudita, China e Nigéria. “Estava um placar tipo 85 a 80, que a gente mais ou menos identificou. E como vocês sabem, tem que ser de 195 a 0 [já que a COP exige decisões por consenso]”, relembra Ana Toni, CEO da COP30.
Ainda assim, o mapa recebeu apoio de dezenas de países e acabou se tornando um dos temas mais comentados do evento, pautando encontros paralelos e articulações diplomáticas. A saída encontrada pelo Brasil foi empurrar as negociações para uma trilha paralela, comenta a InfoAmazonia.
Na plenária final de sábado (22/11), Corrêa do Lago afirmou que coordenará diretamente as discussões, a fim de entregar um documento técnico na COP31, que acontece na Turquia em 2026. O roteiro não será vinculado à Convenção do Clima (UNFCCC) e não criará obrigações para o cumprimento das metas do Acordo de Paris.
A elaboração do “mapa do caminho” promete envolver especialistas na área – desde cientistas até a própria indústria de petróleo e gás. Para incluir os países produtores de petróleo no debate, Corrêa do Lago sugeriu aproveitar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para esta ser “uma das fontes de informações e discussões”.
A proposta será semelhante ao “Roteiro de Baku a Belém”, que uniu Azerbaijão e Brasil na construção de um roteiro para o financiamento climático. “A gente tem que primeiro reunir informações de diferentes visões sobre esse processo, organizar as informações disponíveis, que naturalmente têm o seu viés. Vai ser uma contribuição para que o tema entre, de maneira mais racional e legítima, nas discussões de clima”, explica Corrêa do Lago.



