
Com a ausência do mapa do caminho para além dos combustíveis fósseis na “Decisão de Mutirão” da COP30, a Austrália anunciou que “continuará defendendo” uma transição para longe do carvão, petróleo e gás nos sistemas energéticos nas negociações climáticas da COP31. Junto com a Turquia, o país dividirá a conferência do clima da ONU no próximo ano.
Ao lado de ministros de ilhas do Pacífico – Vanuatu, Palau e Ilhas Salomão – na última noite da conferência em Belém, o ministro australiano do Clima, Chris Bowen, que deve liderar as negociações da COP31, foi questionado sobre o tema. Ele disse que “não iria começar a entrar nas negociações da COP31 porque ainda não terminamos a COP30”. Mas acrescentou que seu país e o Pacífico ajudaram a formular um alvo global para a transição dos combustíveis fósseis, acordado há dois anos na COP28, em Dubai, informa o Climate Home. “Continuaremos defendendo aquilo que é do melhor interesse da Austrália e do Pacífico juntos”, afirmou.
A falta de um roteiro para acabar com o petróleo, gás fóssil e carvão na COP30 frustrou. A AP lembra que o mapa do caminho contava com o apoio público do presidente Lula e de mais de 80 nações, mas também com forte oposição. “Era o momento. Uma COP na Amazônia, um presidente pedindo um roteiro, a ciência clamando por ação. Mas o mundo vacilou novamente”, disse o negociador climático do Panamá, Juan Carlos Monterrey Gómez.
Contudo, o Guardian pontua que o acordo falho da conferência de Belém pode ter sido tudo o que era possível, dadas as adversidades geopolíticas: um presidente dos Estados Unidos que rejeitou as negociações e é comprometido com o petróleo e o carvão; a crescente onda de populismo de direita; conflitos na Ucrânia e em Gaza; níveis intoleráveis de desigualdade; e incerteza econômica global.
Por isso, há mais esperança que desânimo. “Os incendiários climáticos, os gigantes dos combustíveis fósseis, finalmente estiveram na mira na COP30 ”, reforça Louise Hutchins, coordenadora da coalizão Make Polluters Pay. “Não há como voltar atrás. O espaço político está aberto. Agora precisamos transformá-lo em uma verdadeira rota de fuga para um mundo mais seguro.”
Mais uma vez, os resultados da COP30 e o compromisso assumido pela presidência brasileira, que durará até o início da COP31, de conduzir os trabalhos para o mapa do caminho antifóssil impõem desafios à diplomacia climática. Em resumo: o processo COP persiste, acompanhado de incertezas sobre sua relevância futura, frisa o Axios.
“Em um contexto de sérios desafios geopolíticos, 194 partes continuam investindo no processo e estão dispostas a fazer concessões para manter o multilateralismo vivo”, afirma um resumo do think tank climático E3G.



