
Segundo o novo Plano de Negócios 2026-2030 da Petrobras, divulgado na 5ª feira (27/11), a estatal planeja cortar cerca de 20% nos investimentos em transição energética. O plano separa US$ 3,1 bilhões (R$ 16,6 bilhões) para energia de baixo carbono, como eólica, solar e hidrogênio. No plano anterior, eram US$ 5,7 bilhões (R$ 30,5 bilhões). A fatia é de 11,9% do orçamento atual, frente a 14,6% do anterior.
Energias eólica onshore e solar fotovoltaicas foram as que mais perderam investimento, com cerca de 58% de corte. Os valores para hidrogênio diminuíram 20% e os do Fundo de Descarbonização das Operações, 23%.
O único segmento de transição energética com aumento foi o de biodiesel e biometano, passando de US$ 600 milhões (R$ 3,2 bilhões) para US$ 1,1 bilhão (R$ 5,8 bi). Etanol e biorrefino não sofreram alterações, detalha o Um Só Planeta.
Para a presidente da estatal, Magda Chambriard, só faz sentido investir em energia renovável para consumo próprio. Grandes projetos para vender energia não são viáveis, afirmou à Folha. A maior parte do orçamento será direcionada à área de exploração e produção, que receberá 75% do valor da carteira de implantação alvo.
“O novo plano de investimentos da Petrobras nasce velho, com olhar para o passado. No lugar de intensificar os investimentos em renováveis, consolida a lógica petroleira”, afirmou, em nota, Suely Araújo, Coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, para a Folha.
O orçamento para os próximos cinco anos é de US$ 109 bilhões (R$ 580 bilhões) – valor 1,8% menor que o plano anterior. A queda é pequena, mas rebaixa uma série de projetos, que terão que passar por novas avaliações.
Enquanto a área de refino, petroquímica e fertilizantes fica com investimento de US$ 15,8 bilhões (R$ 84 bilhões), a de gás e energias de baixo carbono ficará com US$ 4 bilhões (R$ 21 bilhões), focados na descarbonização das atividades.
A empresa que anuncia em todas as plataformas de mídia que é líder em transição energética justa consegue descarbonizar apenas 20% de toda sua emissão, tendo em vista que 80% das emissões acontecem no Escopo 3, na queima do combustível por automóveis.
E, ainda nestes 20%, o que é demonstrado no plano é o contínuo foco em exploração de projetos fósseis e pouco esforço para descarbonizar e transicionar para energias mais limpas.
“A atual presidente da empresa fala em reforçar os esforços em renováveis em 2035. Infelizmente, não temos esse tempo. A crise climática necessita ser conjugada com verbos no presente”, reforça Suely.
Já para Délcio Rodrigues, diretor executivo do ClimaInfo, ao reforçar a aposta em fósseis, a Petrobras enfraquece o setor de renováveis e coloca o Brasil na contramão das tendências globais. “A empresa perde, assim, uma oportunidade histórica de liderar a transformação energética que o país e o mundo precisam urgentemente”, afirma.



