Novo plano de negócios da Petrobras reduz em 20% investimentos em transição energética

Segundo a presidente da estatal, Magda Chambriard, grandes projetos para vender energia renovável não são viáveis.
30 de novembro de 2025
petrobras plano de negócios 2026 2030
Divulgação Petrobras

Segundo o novo Plano de Negócios 2026-2030 da Petrobras, divulgado na 5ª feira (27/11), a estatal planeja cortar cerca de 20% nos investimentos em transição energética. O plano separa US$ 3,1 bilhões (R$ 16,6 bilhões) para energia de baixo carbono, como eólica, solar e hidrogênio. No plano anterior, eram US$ 5,7 bilhões (R$ 30,5 bilhões). A fatia é de 11,9% do orçamento atual, frente a 14,6% do anterior.

Energias eólica onshore e solar fotovoltaicas foram as que mais perderam investimento, com cerca de 58% de corte. Os valores para hidrogênio diminuíram 20% e os do Fundo de Descarbonização das Operações, 23%.

O único segmento de transição energética com aumento foi o de biodiesel e biometano, passando de US$ 600 milhões (R$ 3,2 bilhões) para US$ 1,1 bilhão (R$ 5,8 bi). Etanol e biorrefino não sofreram alterações, detalha o Um Só Planeta.

Para a presidente da estatal, Magda Chambriard, só faz sentido investir em energia renovável para consumo próprio. Grandes projetos para vender energia não são viáveis, afirmou à Folha. A maior parte do orçamento será direcionada à área de exploração e produção, que receberá 75% do valor da carteira de implantação alvo.

“O novo plano de investimentos da Petrobras nasce velho, com olhar para o passado. No lugar de intensificar os investimentos em renováveis, consolida a lógica petroleira”, afirmou, em nota, Suely Araújo, Coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, para a Folha.

O orçamento para os próximos cinco anos é de  US$ 109 bilhões (R$ 580 bilhões) – valor 1,8% menor que o plano anterior. A queda é pequena, mas rebaixa uma série de projetos, que terão que passar por novas avaliações.

Enquanto a área de refino, petroquímica e fertilizantes fica com investimento de US$ 15,8 bilhões (R$ 84 bilhões), a de gás e energias de baixo carbono ficará com US$ 4 bilhões (R$ 21 bilhões), focados na descarbonização das atividades.

A empresa que anuncia em todas as plataformas de mídia que é líder em transição energética justa consegue descarbonizar apenas 20% de toda sua emissão, tendo em vista que 80% das emissões acontecem no Escopo 3, na queima do combustível por automóveis.

E, ainda nestes 20%, o que é demonstrado no plano é o contínuo foco em exploração de projetos fósseis e pouco esforço para descarbonizar e transicionar para energias mais limpas.

“A atual presidente da empresa fala em reforçar os esforços em renováveis em 2035. Infelizmente, não temos esse tempo. A crise climática necessita ser conjugada com verbos no presente”, reforça Suely.

Já para Délcio Rodrigues, diretor executivo do ClimaInfo, ao reforçar a aposta em fósseis, a Petrobras enfraquece o setor de renováveis e coloca o Brasil na contramão das tendências globais. “A empresa perde, assim, uma oportunidade histórica de liderar a transformação energética que o país e o mundo precisam urgentemente”, afirma.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar