
Quando você ler esta nota, o número de mortes causadas por chuvas extremas e deslizamentos no sudeste da Ásia deverá ter passado de 1.200 pessoas. Três ciclones tropicais, coincidindo com a monção de nordeste que naturalmente provoca chuvas fortes na região, causaram destruição generalizada na Indonésia, Tailândia, Sri Lanka e Malásia.
Até o fechamento desta edição, eram 604 pessoas mortas na Indonésia, 390 no Sri Lanka, 176 na Tailândia e duas na Malásia. Segundo a Bloomberg, havia 460 desaparecidos na Indonésia, e autoridades alertaram que o número de vítimas provavelmente aumentará à medida que serviços de resgate consigam chegar às áreas mais afetadas.
Os danos à infraestrutura foram intensos, o que bloqueia e dificulta o acesso a diversas aldeias, explicou Suharyanto, chefe da Agência Nacional de Mitigação de Desastres da Indonésia. Casas ficaram submersas, e vídeos em redes sociais mostram pessoas enfrentando água até a cintura para chegar a lojas de conveniência danificadas à procura de mantimentos básicos.
No Sri Lanka, autoridades consideraram as chuvas dos últimos dias o pior desastre climático a atingir a ilha em duas décadas, desde o tsunâmi de 2004. Mais de 25 mil casas foram destruídas e quase 148 mil pessoas foram deslocadas e estão em abrigos temporários, informam Guardian e BBC.
Na Tailândia, quase 2,8 milhões de pessoas foram afetadas, e os prejuízos econômicos são estimados em US$ 734 milhões (quase R$ 4 bilhões). Medidas de socorro implementadas pelo governo incluem indenizações para as famílias que perderam parentes, mas críticas à resposta do governo às enchentes têm aumentado com o passar dos dias, destaca a CNN.
A tempestade Senyar, responsável pela forte precipitação na região, foi o primeiro registro desde 2001 de ciclone tropical formado no Estreito de Malaca, entre a península da Malásia e a ilha indonésia de Sumatra. É raro que ciclones tropicais se formem tão perto da linha do Equador, em parte devido à menor força rotacional. No entanto, uma combinação de fatores, entre eles as altas temperaturas da água no estreito, criaram as condições perfeitas para a formação do Senyar.
Vale lembrar que o aquecimento global tem sido ainda mais impiedoso nos oceanos. Em dez anos, a quantidade de calor que eles receberam foi equivalente a quase 2 bilhões de bombas atômicas.
Na Malásia, uma das principais petrolíferas do país, a Petron Malaysia Refining & Marketing Bhd, precisou interromper suas operações devido aos danos causados pelo Senyar. Um evento climático extremo que a queima dos combustíveis fósseis que ela produz e comercializa ajudou a formar.
A previsão é que as chuvas comecem a diminuir a partir do meio da semana na maior parte das áreas afetadas.
Times, Reuters, Financial Times, Barrons, Washington Post, AP News, Aljazeera, Telegraph e China Daily também repercutiram os impactos das fortes chuvas no sudeste da Ásia.
Em tempo 1: Em um guia visual, o Guardian mostra como ciclones e chuvas de monção convergiram para devastar o Sudeste Asiático. Gráficos e vídeos mostram cenas de impactos das chuvas e como a temperatura mais quente do oceano propicia a ocorrência de ciclones tropicais mais intensos e destrutivos.
Em tempo 2: Milhares de filipinos protestaram no domingo (30/11) contra a corrupção no país e demandaram a devolução de fundos desviados de projetos de controles a enchentes. Manifestantes exigem a punição de legisladores e autoridades envolvidos no escândalo. Em sua defesa, o presidente Ferdinand Marcos Jr. afirma que a culpa de projetos inadequados está no fato do arquipélago ser muito propenso a inundações mortais. Mais de 17 mil policiais foram mobilizados na região metropolitana de Manila, capital filipina, para garantir a segurança dos protestos. A AP dá mais detalhes.



