
Em mais uma decisão que prioriza seus interesses ao futuro do país e do clima, o presidente dos EUA Donald Trump afirmou que irá revogar os padrões federais de economia de combustível da era Biden. O anúncio, feito nesta 4ª feira (3/12), enfraquece significativamente os requisitos de eficiência de combustível para o setor do transporte.
Os padrões “Corporate Average Fuel Economy” (CAFE) foram estabelecidos em 1975 e definem metas médias de economia de combustível para veículos novos. Para promover veículos elétricos e enfrentar a emergência climática, Joe Biden exigiu que as montadoras aumentassem a eficiência de combustível de carros de passeio e camionetes leves para 21 km/l até 2031.
Trump agora propõe o afrouxamento da regra, colocando a métrica para 14,5 km/l até 2031. O negacionista alega que a medida economizará US$ 109 bilhões (R$ 578 bilhões) para americanos em cinco anos e reduzirá mil dólares (R$ 5,32 mil) o custo médio de um carro novo, informa o NY Times.
Kathy Harris, diretora de veículos limpos do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais (NRDC), disse à BBC que o novo plano só beneficiaria a indústria petrolífera. “Comprometer a economia de combustível sob o pretexto de segurança e acessibilidade é uma piada cruel para os motoristas americanos”, reforça.
Outro argumento usado por Trump é que a nova medida é “importante para os empregos americanos”. Numa lógica obtusa, ele afirma: “Quanto mais carros vendermos, mais empregos teremos neste país”.
Acabar com o programa CAFE fará com que carros consumam mais gasolina e as famílias americanas gastem mais dinheiro, rebate Katherine García, diretora do programa Transporte Limpo para Todos do Sierra Club, em comunicado. Ela também lembra que a proposta de Trump ameaça a saúde de milhares de americanos, principalmente crianças e idosos.
Como o Guardian destaca, o transporte é a maior fonte de emissão de gases do efeito estufa dos EUA, representando mais de 28% do total emitido em 2022, segundo dados do Departamento de Energia.
Reuters, Barrons, Financial Times e Washington Post também noticiaram a decisão.
Em tempo: Donald Trump prometeu uma expansão rápida dos combustíveis fósseis ao voltar para a Casa Branca, mas analistas apontam que a produção de fósseis não está muito maior do que os níveis recordes vistos no governo Biden. Com a queda do preço do barril e o aumento do custo do aço e outras commodities importantes para as empresas petrolíferas, a produção até aumentou, mas em parte devido à melhora da eficiência. E não gerou emprego nem para a indústria, nem para a economia em geral. Mesmo com o aumento da influência política, o "Perfure, baby, perfure" não se materializou. A Folha deu mais detalhes.



