
A incansável cruzada do governo de Donald Trump contra a ciência tem um novo capítulo: desta vez, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) removeu de algumas páginas do seu site, sem aviso, a informação de que a atividade humana impulsionou as mudanças climáticas.
Foram minimizadas ou excluídas referências à queima de carvão, petróleo e gás, que cientistas já comprovaram ser a principal causa das mudanças climáticas. Agora, a página sobre as causas da crise do clima menciona alterações na órbita da Terra, atividade solar, refletividade da Terra, vulcões e mudanças naturais no dióxido de carbono, detalham New York Times e Independent.
“Está completamente errado”, afirma o cientista climático da Universidade da Califórnia, Daniel Swain, que também observou que os links para impactos, riscos e indicadores das mudanças climáticas no site da EPA agora estão quebrados. “Era uma ferramenta que muitos educadores e muitas pessoas usavam. Era, na verdade, um dos sites de informações sobre mudanças climáticas mais bem projetados e de fácil acesso nos EUA.”
Segundo a Folha, Brigit Hirsh, porta-voz do administrador da EPA, Lee Zeldin, disse em comunicado que o governo Trump está focado em proteger a saúde humana, em vez do que ela chamou de “agendas políticas de esquerda”. “Esta agência não recebe mais ordens do culto ao clima”, afirmou. Já o culto à ignorância e ao negacionismo, como se vê, está em alta.
Para especialistas, a situação é como fingir que cigarros não causam câncer de pulmão. “É ultrajante que nosso governo esteja escondendo informações e mentindo”, disse Jane Lubchenco, ex-chefe da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) do governo de Barack Obama e oceanógrafa da Universidade Estadual do Oregon. “As pessoas têm o direito de saber a verdade sobre as coisas que afetam sua saúde e segurança, e o governo tem a responsabilidade de dizer a verdade.”
O Euronews lembra que, no início do ano, a administração Trump chegou a remover a avaliação climática nacional dos websites oficiais do governo. “Você pode se recusar a falar sobre isso, mas [isso] não faz com que o problema desapareça. E nós estamos vendo isso. Todo mundo está vendo isso”, disse a ex-governadora republicana Christie Todd Whitman, que foi administradora da EPA durante o governo de George W. Bush.
Washington Post, LA Times e AP também falaram sobre a decisão da EPA.
Em tempo: Contra o negacionismo, a valorização da ciência e do conhecimento: a combinação entre ciência e ferramentas geoespaciais impulsionadas por inteligência artificial para frear o desmatamento garantiu ao Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON) o prêmio Campeões da Terra 2025 - a maior honraria ambiental da ONU, destaca a Folha. É a primeira vez que uma entidade do terceiro setor do Brasil recebe esse reconhecimento. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o IMAZON fortaleceu a governança florestal, apoiou milhares de processos judiciais e revelou a escala do desmatamento ilegal na Amazônia, o que rendeu ao instituto o prêmio na categoria “ciência e inovação”.



