Joaquim Levy aponta caminhos para uma transição climática nacional

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A transição para uma economia de baixo carbono no Brasil enfrenta obstáculos que não pertencem à lógica econômica. Desmatamos quase que à toa, deixamos o gado solto em pastos degradados que diminuem a produtividade de uma das riquezas mais preciosas, a terra agricultável, e ainda por cima queimamos carvão para manter um setor arcaico.

Exceto pela parte do carvão, o diagnóstico vem de um artigo que o ex-ministro Joaquim Levy escreveu para o Valor: “Nosso problema de emissões de GEE não se dá por necessidade existencial ou econômica (…) Quase dois terços das nossas emissões de GEE estão associadas a setores que contribuem com talvez 1% do PIB, sendo proporção substancial delas devidas ao desmatamento ilegal”, um privilégio único entre as grandes economias.

Com seu tom sempre didático, Levy alerta que “por falta de estratégia não nos posicionamos como o país que produz bens com baixo teor de carbono em um mundo que valoriza isso. E tampouco focamos em expandir nossa economia alinhados com o objetivo de alcançarmos emissões líquidas zero de carbono de forma competitiva.”

Levy indica dois caminhos para o uso do gás natural do pré-sal: nos setores industriais de alta emissão, como cimento e aço, e na geração de eletricidade nas plataformas em alto mar a ser distribuída pelo Sistema Integrado Nacional.

Em que pese o otimismo do ex-ministro, convém lembrar que queimar gás aumenta o aquecimento global e, pior, sua extração vem acompanhada de petróleo, cuja queima aumenta ainda mais o aquecimento.

 

ClimaInfo, 20 de fevereiro de 2020.

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