Tem lugares onde chove cada vez menos, tem doenças que tinham sido controladas que voltam a aparecer e queimadas cada vez mais numerosas, extensas e fortes. Jenny Gonzales, da UOL-Ecoa, colhe depoimentos entre indígenas sobre as mudanças que estão acontecendo. Ela descreve a situação: “Chuvas atrasadas, secas intensas, rios sem água – em diversas partes da Amazônia, Comunidades Indígenas vêm testemunhando as transformações decorrentes das alterações no clima. O resultado: mais incêndios, menos alimento disponível. Os indígenas acreditam que as mudanças climáticas têm afetado inclusive sua saúde corporal: doenças antes controladas como sarampo e febre amarela ressurgiram na floresta e até a menstruação das mulheres tem chegado mais cedo.”
Diante da nova realidade, os índios estão tratando de encontrar meios de sobrevivência. Um grupo se junta ao Ibama dando apoio a brigadistas no combate aos incêndios. Outro grupo seleciona sementes mais resistentes à seca: “Em vez de usar sementes de arroz, que levam cinco a seis meses para amadurecer, agora só plantamos o arroz ‘ligeiro’, que demora três meses”, diz Antônio Apinajé, um dos entrevistados, “conseguimos também uma espécie de mandioca que cresce em sete meses, enquanto a que plantávamos antes levava normalmente um ano.”
Outra iniciativa veio de uma parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), um aplicativo que fornece dados sobre focos de calor, riscos de seca e desmatamento. Vale ver a matéria com mais depoimentos e soluções.
Em tempo: Também vale ler um artigo de pesquisadores brasileiros na Land Use Policy sobre a importância das Terras Indígenas para os Povos e, também, para a biodiversidade. Os pesquisadores criticam a política governamental que reduz as salvaguardas das populações, e refutam o discurso que afirma existir “terra demais para pouco índio”.
ClimaInfo, 15 de maio de 2020.
Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.
