A insustentabilidade climática da produção de carne bovina e de laticínios

13 de julho de 2020

A grande pecuária é tão prejudicial para o planeta quanto a indústria de combustíveis fósseis, mas as instituições financeiras continuam aplicando recursos e investimentos no setor, viabilizando desmatamento e emissões de gases de efeito estufa.

De acordo com o novo relatório da organização britânica Feedback, divulgado na semana passada, entre janeiro de 2015 e 30 de abril de 2020, as 35 maiores empresas de carne e laticínios do mundo receberam US$ 478 bilhões em investimentos do setor privado. Ao mesmo tempo, as cinco maiores companhias destes setores – JBS, Tyson, Cargill, Dairy Farmers of America e Fonterra, emitiram juntas mais gases de efeito estufa do que a ExxonMobil.

Os autores apontam para a incongruência de instituições financeiras, como HSBC, Barclays e BNP Paribas, que possuem compromissos relacionados à mudança do clima e ao combate ao desmatamento, mas que seguem investindo em setores econômicos com alto impacto em termos de emissões de carbono e destruição florestal.

No Brasil, o relatório mostra que as empresas brasileiras de carne Marfrig e Minerva receberam, apenas do HSBC, mais de US$ 1,8 bilhão em empréstimos, sendo que a instituição detinha, em abril de 2020, ações avaliadas em cerca de US$ 9 milhões da JBS.

Business Green e The Guardian abordaram as conclusões deste relatório.

Em tempo: Um novo estudo publicado pela Nature Food mostra que a quantidade de nitrogênio emitida apenas pela pecuária supera os limites do planeta para o ciclo deste elemento. A análise foi conduzida por pesquisadores da FAO, que descobriram que o setor pecuário responde por cerca de ⅓ de todas as emissões de nitrogênio decorrente de atividades humanas. As emissões da pecuária totalizam cerca de 65 teragramas (Tg) de nitrogênio por ano. Isso significa que somente a produção de carne e laticínios ultrapassa o limite inferior de 62 a 82 Tg por ano considerado “suportável” para emissões de nitrogênio. A partir desses dados, os autores recomendam a redução do consumo desses produtos, particularmente nas nações mais ricas. A revista New Scientist detalhou os principais pontos do estudo.

 

ClimaInfo, 14 de julho de 2020.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar