China insiste em investir em carvão dentro e fora do país

23 de novembro de 2020

A promessa de neutralização de suas emissões de carbono até 2060 feita pela China, e celebrada mundo afora como um exemplo de ambição climática, dificilmente sairá do papel caso o país siga com a construção de novas usinas termelétricas a carvão.

Um relatório do Draworld Environment Research Center e do Centre for Research on Energy and Clean Air indicou que a China precisa reduzir sua capacidade de geração a carvão, hoje superior a mil gigawatts (GW), para cerca de 680 GW em 2030; no entanto, se as novas usinas forem construídas, essa capacidade pode superar os 1,3 mil GW ao final desta década.

Com as fontes de energia solar e eólica se tornando cada vez mais baratas – inclusive em relação ao próprio carvão – os chineses arriscam perder cerca de US$ 304 bilhões em ativos energéticos que serão economicamente inviáveis no futuro. O relatório defende a interrupção definitiva de novos projetos a carvão e o reforço à expansão da geração eólica e solar no país, em um ritmo de ao menos 100 GW adicionais por ano até 2030.

Bloomberg e Reuters deram as conclusões do relatório.

Em tempo 1: Os chineses também intensificaram o investimento em carvão na África nos últimos anos com a Iniciativa Belt and Road. Segundo o South China Morning Post, ambientalistas africanos estão preocupados com os efeitos desses projetos sobre a capacidade dos países do continente em reduzir suas emissões de carbono, e destacam a incongruência de Pequim ao prometer a descarbonização de sua economia ao mesmo tempo em que promove a carbonização de outras economias nacionais.

Em tempo 2: Vale a pena ler o perfil feito pela Bloomberg do diplomata chinês Xie Zhenhua, veterano de negociações climáticas e tido como um dos responsáveis pela movimentação do governo chinês rumo à neutralidade do carbono. De maneira calma e cuidadosa, Xie conseguiu superar reticências antigas da burocracia comunista chinesa à agenda climática e ganhar os ouvidos das principais lideranças políticas do país – em particular, do presidente Xi Jinping.

 

ClimaInfo, 24 de novembro 2020.

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