Não conseguiremos plantar nossa saída da emergência climática

24 de maio de 2021

Antes de plantar extensas florestas para sequestrar carbono, seria necessário preservar as que já existem. Além disso, é preciso tomar medidas de adaptação para evitar incêndios alimentados pelas ondas de calor e seca que a mudança do clima já está trazendo. É sabido que para se imitar o aquecimento em 1,5°C, além de reduzir drasticamente as emissões, será necessário remover quantidades importantes de dióxido de carbono da atmosfera. Nos últimos tempos, empresas e países têm declarado a intenção de compensar suas emissões plantando bilhões de árvores. Pesquisadores americanos publicaram um trabalho na Science onde dizem que vale mais a pena usar o dinheiro para preservar e aperfeiçoar o manejo das florestas existentes. Referindo-se aos recentes incêndios florestais na Austrália, Califórnia e na Europa, dizem que mesmo um aumento de 1,5°C trará mais ondas de calor, secas e incêndios. Eles propõem extensos programas de poda e o aproveitamento dos restos para produção de biochar – o carvão vegetal usado como corretivo de solo. Assim, além de mitigar os riscos de incêndios preservando o carbono nas árvores, o biochar aumenta a capacidade de armazenar carbono no solo. E com o potencial de gerar um número grande de empregos difíceis de serem automatizados.

Não se deve menosprezar esse recado aqui, apesar do tamanho do problema do desmatamento amazônico. Basta lembrar o estrago feito no Pantanal no ano passado e os sucessivos recordes de queimadas no Cerrado e na Amazônia central.

Em tempo: Na Nigéria o conflito entre criadores de gado e lavradores vem se acirrando. Calor e secas estão reduzindo a área agricultável. Lá, a terra pertence às vilas e seu uso é determinado coletivamente. Um artigo na Vice fala de uma família de criadores que foi forçada a mudar duas vezes à procura de pastagens e tendo que se adaptar para serem aceitos nas novas localidades. A disputa por terras cada vez menos produtivas atravessa todo o cinturão da África tropical, da Nigéria ao oeste até o Quênia e Tanzânia a leste.

 

ClimaInfo, 25 de maio de 2021.

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