Sob o risco de sofrer cortes no fornecimento de gás natural pela Rússia, a Alemanha iniciou nesta 4ª feira (30/3) um plano de contingência emergencial para garantir a oferta do combustível fóssil.
O mercado alemão compra mais da metade do gás que consome dos russos; no entanto, Putin ordenou que as vendedoras russas de gás cobrem por seu combustível em rublos, e não em euros e dólar, em um esforço para driblar as sanções internacionais impostas pelo Ocidente por causa da invasão à Ucrânia. Os países europeus, principais consumidores de gás russo, já afirmaram que não pretendem pagar pelas remessas em rublos, citando obrigações contratuais que exigiriam das empresas russas o recebimento em moeda europeia ou norte-americana.
Segundo o ministro alemão da economia, Robert Habeck, o plano prevê uma série de medidas para reduzir o consumo de gás entre os consumidores, de maneira a otimizar seu uso e garantir a oferta para atividades essenciais. Em um primeiro momento, o plano prevê um acompanhamento mais cuidadoso do consumo de gás por parte dos reguladores, de forma a identificar as atividades mais dependentes desse combustível e estruturar formas alternativas de abastecimento.
No pior cenário, caso o fluxo de gás russo seja efetivamente cortado, o governo prevê a possibilidade de racionamento do combustível. Associated Press, Bloomberg e Valor repercutiram a notícia.
Não à toa, os alemães seguem cautelosos quanto à possibilidade de um boicote às empresas russas de petróleo e gás pelos países europeus. Como o Washington Post abordou, a principal preocupação de Berlim está nos efeitos colaterais desse tipo de ação sobre a economia nacional em um momento delicado, de retomada pós-pandemia. Para o premiê Olaf Scholz, a ameaça geopolítica da Rússia na Ucrânia ainda é pequena quando comparada aos efeitos de uma interrupção total no fornecimento de gás russo ao mercado alemão.
Em tempo: O Reino Unido vinha fechando o cerco à exploração de gás de xisto via fracking, em linha com seus objetivos climáticos. No entanto, a crise energética e o conflito no leste europeu levaram o governo Boris Johnson a um giro de 180o no tema, ao menos momentaneamente: alguns poços que estavam programados para desativação nos próximos meses serão mantidos em funcionamento para ampliar a oferta de combustível ao mercado britânico, frustrando ambientalistas e ativistas locais preocupados com os efeitos do fracking. A notícia é do NY Times.
ClimaInfo, 31 de março de 2022.
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