Gigante do carvão na Austrália é forçada a abandonar plano polêmico de cisão para “limpar” negócios 

Austrália carvão
Patrick T. Fallon/Bloomberg

A mobilização encabeçada por um bilionário australiano conseguiu dobrar uma das maiores empresas de carvão do país ao abandonar um polêmico plano de reorganização societária que arriscava “limpá-la” de sua pegada de carbono apenas com a transferência dos ativos sujos para outra empresa. O alvo é a AGL, maior emissora de gases de efeito estufa do país, que pretendia se dividir em duas empresas, uma para geração e outra para venda e distribuição de energia elétrica. A nova empresa assumiria a operação das usinas termelétricas de carvão do grupo, livrando a parceira da maior parte de suas emissões diretas de carbono.

O bilionário Mike Cannon-Brookes, que fez fortuna na área de tecnologia, puxou outros investidores da AGL contra a proposta. Ao estilo de ações recentes de investidores-ativistas em empresas da indústria de petróleo e gás, Cannon-Brookes reuniu outros fundos de investimento com ações da empresa para vetar a cisão da AGL, sob a justificativa de que ela prolongaria um modelo de negócio com alto impacto em termos de carbono – e, por tabela, a Austrália como um todo.

O plano deu certo. Sem ter como garantir a aprovação de 75% dos acionistas, o presidente do conselho de administração da AGL, Peter Botten, e o CEO, Graeme Hunt, deixaram seus cargos. Em nota, a empresa afirmou que o conselho fará uma “revisão da direção estratégica” e determinará a “melhor maneira para fornecer criação de valor para os acionistas de longo prazo no contexto da transição energética da Austrália”.

Bloomberg, Climate Home, Financial Times, Guardian, Reuters e Wall Street Journal, entre outros, abordaram a notícia.

 

ClimaInfo, 31 de maio de 2022.

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