EUA sinaliza inclusão da dívida externa em plano anticarvão na África do Sul

África carvão
Waldo Swiegers/Bloomberg

O governo da África do Sul segue negociando os termos de um acordo anunciado durante a Conferência do Clima de Glasgow (COP26), no ano passado, pelo qual o país se comprometeu a abandonar o carvão para geração elétrica com apoio de alguns países desenvolvidos. Um dos pontos de interrogação na proposta é a maneira como os recursos internacionais poderiam atender às necessidades energéticas sul-africanas sem causar um aumento da dívida externa do país.

A Bloomberg noticiou que o governo dos EUA, um dos países que negocia o acordo com a África do Sul, sinalizou que as garantias de dívida externa podem fazer parte da negociação de US$ 8,5 bilhões. A ideia de todas as partes é fechar os termos do acordo antes da próxima Conferência do Clima (COP27), programada para novembro em Sharm el-Sheikh, no Egito.

No entanto, representantes norte-americanos também expressaram preocupação com um plano recente anunciado pelo governo sul-africano para prosseguir com a construção de novas usinas termelétricas a carvão. Além dos EUA, outros países desenvolvidos, como Reino Unido, Alemanha e França, também participam das conversas.

Enquanto isso, a Indonésia acompanha as negociações da África do Sul e tenta mapear eventuais armadilhas em uma conversa futura com os países desenvolvidos sobre a transição energética.

Como destacado pelo Climate Home, uma preocupação que Jacarta compartilha com os sul-africanos é o aspecto da dívida desse acordo: para eles, o financiamento internacional não pode representar mais um encargo financeiro às nações em desenvolvimento.

Outro ponto, esse divergente, é a amplitude de um eventual acordo: enquanto a África do Sul quer algo mais abrangente, com investimentos em tecnologias como hidrogênio verde e carros elétricos, os indonésios querem restringir as discussões apenas à questão energética.

Em tempo: O Japão prepara um plano para acabar com o financiamento à construção de usinas termelétricas a carvão em países em desenvolvimento. De acordo com a Bloomberg, o governo japonês anunciou sua retirada de dois projetos carvoeiros em Bangladesh e na Indonésia em um esforço para “esverdear” as credenciais internacionais do país antes da cúpula do G7 deste final de semana. Em 2019, o Japão respondeu por mais da metade dos US$ 6,6 bilhões destinados pelos países do G7 para apoiar o carvão no mundo em desenvolvimento.

 

ClimaInfo, 27 de junho de 2022.

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