Shell é acusada por má limpeza de área contaminada na Nigéria

Shell contaminação Nigéria
George Osodi/Bloomberg

O trabalho de recuperação de uma área contaminada por um vazamento de petróleo na região de Ogoniland, no sul da Nigéria, contratado pela petroleira Shell, utilizou técnicas inadequadas, o que resultou em uma limpeza pouco eficiente que não conseguiu eliminar o risco de contaminação pelas pessoas.

De acordo com uma análise científica feita pela organização Stakeholder Democracy Network (SDN) e divulgada neste mês, amostras de água retiradas do delta do rio Níger mostraram a presença de hidrocarbonetos bem acima dos níveis aceitáveis.

“Encontramos contaminantes acima dos limites estabelecidos em mais de 25% dos locais que foram certificados como limpos nos trabalhos concluídos até dezembro de 2021, e acreditamos que haja um risco significativo de contaminação secundária causada por más práticas de algumas das empresas contratadas”, afirmou o grupo.

A situação pode ser ainda pior: segundo a entidade, as amostras mais recentes foram analisadas por um laboratório no Reino Unido, em paralelo à análise feita por laboratórios nigerianos. “Das 16 amostras que tinham níveis de hidrocarbonetos totais de petróleo (TPH) acima dos limites de detecção, a análise laboratorial do Reino Unido relatou níveis de TPH que eram, em média, o dobro dos relatados pela análise laboratorial local”.

A entidade pediu às autoridades nigerianas o envolvimento contínuo de técnicos do Programa da ONU para o Meio Ambiente (UNEP) para que possam acompanhar o trabalho de limpeza e garantir que este esteja acontecendo de maneira efetiva.

“As pessoas em Ogoniland vivem há décadas com os riscos à saúde da extensa poluição por petróleo e a perda dos meios de subsistência por danos ambientais – esta deve ser a primeira e a principal preocupação de todos os envolvidos na limpeza”, defendeu Calvin Laing, diretor-executivo da SDN.

Bloomberg e Reuters repercutiram essa informação.

 

ClimaInfo, 15 de setembro de 2022.

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