Brasil de Bolsonaro faz leilões de energia desnecessários

18 de outubro de 2022

Na sexta-feira passada, dia 14, o governo promoveu mais um leilão de energia, desta vez para usinas que iniciarão sua operação daqui a 5 anos. Desta vez, o governo teve que obrigar a venda de energia de 9 pequenas centrais hidrelétricas que eram parte do jabuti da Eletrobrás. Esta energia é mais cara do que a das outras renováveis e, muitas vezes, as usinas provocam impactos sérios para o meio ambiente e para quem depende dos rios para viver.

O leilão não foi o que os geradores esperavam. A quantidade de energia vendida, pouco menos de 175 MW médios, foi comprada por apenas duas distribuidoras. Por trás da baixa procura está a perspectiva de um período de crescimento abaixo do desejável e a movimentação crescente no mercado livre. Além do rápido aumento da quantidade de instalações de placas fotovoltaicas em telhados – a geração distribuída.

Outra boa notícia é a de que 4 plantas solares e 3 eólicas também venderam sua energia. A melhor notícia é que 2 usinas a carvão não receberam ofertas. Uma usina de lixo também fechou contrato. Queimar o plástico do lixo foi moda na Europa e nos EUA durante algum tempo, principalmente porque o preço da terra tornou proibitiva a instalação de aterros sanitários. De algum tempo para cá, elas deixaram de ser construídas e algumas foram desativadas pelo incentivo dado à economia circular e ao reaproveitamento dos plásticos. Infelizmente, os fabricantes voltaram os olhos para os países em desenvolvimento, como aqui. A notícia do leilão saiu n’O Globo, Correio Braziliense e na página do governo. Pouco antes do leilão, o Repórter Brasil e a edição brasileira do Le Monde Diplomatique discutiram a energia cada vez mais suja promovida durante este governo Bolsonaro.

Em tempo: Por falar em energia suja neste governo, Suely Araújo e Daniela Jerez escreveram no Valor falando sobre as notícias recentes de que a Petrobras está olhando para os blocos de petróleo na Foz do Amazonas como um novo pré-sal. Elas escrevem que se trata de uma “região com alta sensibilidade ambiental, próxima ao grande sistema recifal amazônico e que é influenciada pelo maior desemboque de água doce no mar do mundo.” Apesar de os blocos terem sido leiloados em 2013, o processo de licenciamento do mais adiantado ainda está incompleto, faltando informações importantes nos planos de emergência. E, falando sobre o imaginário do pré-sal, elas comentam que, enquanto o ISEG  (Índice de Sucesso Exploratório Geológico) médio nas offshore brasileiras passa de 60%, na bacia em questão, não chega a 2% pelo desconhecimento da geologia do imenso campo projetado. Afirmar que se trata de um pré-sal, neste momento, é simplesmente fake ou um sonho de uma noite de primavera.

 

ClimaInfo, 18 de outubro de 2022.

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