
Um incêndio no vilarejo litorâneo de Moss Landing, na Califórnia, abalou o rápido crescimento de uma indústria considerada essencial para a transição energética, destaca a Bloomberg. Em janeiro, chamas irromperam em uma das maiores instalações de armazenamento elétrico dos Estados Unidos. As baterias de íons de lítio, versões maiores das que alimentam laptops e carros elétricos, forçaram a evacuação de casas próximas. O incêndio, a 120 km a sudeste de São Francisco, durou cinco dias.
O episódio virou referência para pessoas alarmadas ao descobrirem que há planos de instalações similares em seus bairros. Concessionárias de energia vêm implantando baterias de grande porte nos EUA em uma velocidade vertiginosa, para armazenar energia renovável para quando for necessária e evitar apagões durante ondas de calor. No passado, esses equipamentos raramente enfrentavam a oposição pública, que acolhe outras propostas de infraestrutura energética, de oleodutos a parques eólicos. Mas isso mudou.
Apesar disso, analistas não esperam que o incêndio e sua repercussão impeçam a disseminação de baterias de grande porte, pois as concessionárias têm fortes incentivos para sua instalação. Esses sistemas ajudaram a Califórnia e o Texas a suportar ondas de calor escaldantes sem apagões recorrentes e controlaram os preços da energia no atacado durante períodos de alta demanda. Mas futuras propostas podem exigir maior engajamento da comunidade com potenciais vizinhos e autoridades locais. E nem todas serão aprovadas.
Os incêndios florestais que devastaram Los Angeles também em janeiro aumentaram o receio com a tecnologia, mas por outro aspecto. As chamas deixaram para trás mais de 450 mil quilos de baterias danificadas, desde células finas dentro de celulares até blocos semelhantes a tijolos que acionam veículos elétricos, informam LA Times e CBS.
Quando danificadas, essas baterias podem aquecer muito rápido, explodir em uma nuvem de gás tóxico e inflamável e provocar chamas difíceis de extinguir. Um nível de risco que conferiu nova urgência à limpeza dos destroços do fogo na região.
Incidentes com baterias também estão no radar do setor de seguros. Na Austrália, as seguradoras reivindicam uma regulamentação mais rigorosa para esses equipamentos, destacou a ABC. “Estamos muito preocupados com baterias de baixa qualidade que não são manuseadas corretamente, principalmente quando recarregadas. E nos preocupa ver alguma perda catastrófica causada por incêndios desses equipamentos em um futuro próximo”, afirmou o diretor executivo do conselho de seguros do país, Andrew Hall.
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Em tempo 1: O Texas pode ser o coração do mapa de petróleo e gás fóssil dos Estados Unidos, mas rapidamente se torna o maior instalador de armazenamento em baterias no país, destacou a Bloomberg. No ano passado, cerca de 4 gigawatts de capacidade de bateria, suficientes para abastecer cerca de 3 milhões de residências, foram acionados no Texas, superando pela primeira vez o ritmo de projetos semelhantes na Califórnia. No entanto, ainda não se sabe se o estado conseguirá manter o ritmo, já que as tarifas sobre a China, a maior fonte de baterias importadas para os EUA, subiram para 145% .
Em tempo 2: A União Europeia e a China concordaram em estudar a possibilidade de estabelecer preços mínimos para veículos elétricos fabricados no país asiático, em vez das tarifas impostas pela UE no ano passado, relatou a Reuters. O bloco europeu aumentou as tarifas sobre VEs chineses para até 45,3% em outubro passado, mas Bruxelas e Pequim sugeriram suspendê-las por meio de possíveis compromissos com preços mínimos.



