Cheia expõe moradores a doenças transmissíveis pela água no Amazonas

Camada de lixo transportada pelas enchentes no rio Negro dificulta a prevenção de enfermidades.
8 de julho de 2025
cheia rio amazonas
ANTÔNIO LIMA/GOVERNO DO AMAZONAS

O rio Negro permanece em nível de alerta, estacionado há três dias na marca de 29,05 metros – acima da cota de inundação severa – deixando em vigilância  a cidade de Manaus (AM) e sua área metropolitana. A previsão é de que as águas comecem a baixar nos próximos dias. Mas, enquanto isso, a capital amazonense enfrenta uma grave crise sanitária, decorrente das cheias.

Segundo o Jornal do Commercio, as inundações deixaram 40 cidades amazonenses em situação de emergência, incluindo Manaus, e outras 18 em estado de alerta, afetando praticamente todo o estado. Apenas quatro municípios permanecem sem impactos significativos das cheias que castigam a região.

Sob a superfície do rio avolumado, um tapete de lixo se forma com sacos plásticos, garrafas PET, isopor e até móveis descartados irregularmente. O acúmulo de resíduos transforma as águas da cheia em vetor de doenças. Não por acaso, a cidade de Manaus registra um aumento alarmante de casos de diarreia, hepatite e leptospirose. As crianças são as mais afetadas, tanto pelo contato direto com a água contaminada quanto pela imunidade ainda em desenvolvimento.

Enquanto aguardam a vazante do rio, especialistas cobram medidas urgentes para conter os danos à saúde pública. A combinação entre águas contaminadas, acúmulo de lixo e moradias inundadas cria um cenário propício para o surgimento de epidemias, exigindo resposta coordenada das autoridades sanitárias e ambientais. Foram distribuídas mais de 580 toneladas de alimentos, água potável, kits de higiene e purificação, com apoio das Forças Armadas e da Defesa Civil estadual.

“É um tema que demanda esforços sistêmicos, sociais, ambientais, fiscais e urbanos, de adaptação e mitigação”, afirma Rodrigo Capelato, coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Amazonas, ao jornal O Globo. “O discurso tem aparecido nas falas dos gestores, mas sem uma ação efetiva. Seguimos acompanhando tragédias diante de slogans promissores”.

Embora a prefeitura afirme realizar coleta regular e campanhas educativas, a realidade nas áreas alagadas mostra um cenário distinto. Galerias pluviais já transbordam no centro comercial, misturando água de chuva com esgoto e lixo acumulado. A situação expõe a fragilidade da infraestrutura urbana da maior capital da Amazônia frente aos eventos climáticos extremos.

O g1 mostrou imagens impactantes do contraste em a seca severa e a atual ceia do rio Negro e do rastro da onda de lixo que se forma sobre Manaus. O R7 também abordou a situação.

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