Censo: quase 12 milhões de brasileiros vivem em Unidades de Conservação

Levantamento não identificou quantos residem em APIs, mas especialistas alertam para riscos da presença humana nesses territórios.
13 de julho de 2025
censo unidades de conservação
IBGE

O Censo Demográfico 2022 do IBGE fez um panorama sobre o perfil da população brasileira vivendo em Unidades de Conservação (UC). Nesses territórios protegidos, vivem aproximadamente 12 milhões de pessoas (5,8% da população), sendo quase a totalidade desse contingente (99%) de residentes em áreas de uso sustentável, como Reservas Extrativistas (RESEX). Do total de 2.365 UCs mapeadas, 1.138 (48%) têm residentes. 

Quatro em cada dez residentes em UCs (40%) vivem em domicílios com deficiências no saneamento básico – índice superior à média nacional (27%). Entre indígenas em UCs, 60% enfrentam essas condições, enquanto entre quilombolas o percentual chega a 86%. Cerca de 856 mil pessoas (7,3% dos residentes) lidam com a falta simultânea de água tratada, esgoto e coleta de lixo, contra 3% da população geral.

A população das UCs é majoritariamente parda (51%), com pretos (12%) e indígenas (1,1%) representando proporções maiores que as nacionais. O Nordeste concentra o maior número de residentes (4,4 milhões), seguido pelo Sudeste (4,3 milhões) – juntos, representam 74% do total. Entre os estados, o Distrito Federal e o Maranhão registraram a maior proporção de residentes em UCs (39% e 23%, respectivamente, enquanto Roraima (0,50%) e Rondônia (0,65%) têm as menores participações.

Do total de indígenas no país, 7,8% (132.804) vivem em UCs, com maior concentração no Amazonas (34.143) e Bahia (29.908). Já 21% dos quilombolas (282.258) residem nessas áreas, principalmente no Maranhão (60%) e Bahia (22%). Enquanto 51% dos indígenas em UCs estão em zonas rurais, entre quilombolas esse percentual sobe para 69%.

As UCs estaduais abrigam 66% dos residentes (7,8 milhões), com destaque para São Paulo, Maranhão e Bahia. As federais respondem por 21% (2,4 milhões), concentradas no DF, Ceará e Piauí. As Áreas de Proteção Ambiental (APAs) são as mais populosas (97% dos residentes), enquanto Parques Nacionais lideram nas UCs de proteção integral (1%).

No entanto, como observou a Folha, o Censo não classifica quantos moradores estão em situação regular ou irregular dentro das Unidades de Conservação – segundo o IBGE, essa não é uma atribuição da pesquisa. “Isso exige análises mais aprofundadas por parte dos órgãos responsáveis, que são o ICMBio, na esfera federal, e os órgãos estaduais e municipais”, afirmou Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE. “É uma limitação do estudo”.

Das 2.365 Unidades de Conservação (UCs) do país, 1.504 são de Uso Sustentável – onde a moradia é permitida – e 861 de Proteção Integral – onde, por lei, não deveria haver residentes, exceto Povos Tradicionais com ocupação anterior à criação da UC. Embora 98% dos moradores em UCs vivam em Áreas de Proteção Ambiental (APAs), o Censo detectou 131 mil pessoas residindo irregularmente em Unidades de Proteção Integral, como parques e reservas biológicas, onde a habitação é proibida.

Angela Kuczach, diretora-executiva da Rede Nacional Pró Unidades de Conservação, afirmou ao jornal O Globo que a ocupação humana em áreas de proteção integral é um problema grave que exige solução. “Um parque não nasce com milhares de pessoas lá dentro. É preciso entender como chegaram ali e por que não foram retiradas ou o parque não foi implementado corretamente”, afirmou. Ela criticou a falta de ação efetiva e alertou que muitas áreas já foram degradadas. “Não adianta fazer termos de compromisso para validar a ocupação. Ou a Unidade funciona como deve, ou se transforma em uma APA. Não dá para fingir que está tudo bem”.

Agência Brasil, O Globo, Valor, g1, Nexo, Brasil de Fato, UOL, SBT News, entre outros, abordaram os dados divulgados pelo IBGE.

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