Remoção de escombros de Gaza pode emitir mais de 90 mil toneladas de CO2, calcula estudo

Caminhões teriam que percorrer 737 vezes a circunferência da Terra para retirar entulhos; bombardeios deixam legado de contaminação.
24 de julho de 2025
remoção de escombros de gaza pode emitir mais de 90 mil toneladas de co2, calcula estudo
APAN

Um estudo publicado na revista Environmental Research: Infrastructure and Sustainability detalha a dimensão da devastação humana, ambiental e infraestrutural de Gaza, na Palestina. A remoção de escombros deixados pelos bombardeios de Israel pode emitir mais de 90 mil toneladas de CO2 e levar até quatro décadas. São, pelo menos, 39 milhões de toneladas de entulho, o que exigiria 2,1 milhões de caminhões-caçamba percorrendo 737 vezes a circunferência da Terra para transportá-los até os locais de descarte. 

Para chegar a esses números, os pesquisadores das universidades de Edimburgo e Oxford, no Reino Unido, utilizaram ferramentas de código aberto em sensoriamento remoto para detectar os entulhos de edifícios destruídos em um período de 14 meses (entre 7 de outubro de 2023 a 1º de dezembro de 2024), segundo o Guardian. Depois, foram estimadas as emissões de carbono decorrentes do transporte e da britagem de entulho de concreto não contaminado.

O estudo faz parte de um movimento crescente de contabilização dos custos climáticos e ambientais dos bombardeios israelenses sobe Gaza, o que inclui danos a longo prazo, como contaminação de alimentos, terra e água, bem como a reconstrução da região pós-conflito. Segundo o Bloomberg, os bombardeios deixam um legado tóxico que durará gerações e se estenderá além-fronteiras.

O custo ambiental da guerra é avassalador: cerca de 60% das áreas de Gaza estão cobertas de lixo e entulho. As toneladas de entulho, deixaram poeira e fumaça tóxica no ar. As munições usadas liberaram metais pesados e outros poluentes no solo. “Perdemos poços de água, poços artesianos e estações de dessalinização. Não há mais nada que represente a vida em Gaza”, disse Amjad Shawa, diretor da Rede de ONGs Palestinas (PNGO).

Israel afirma que faz tudo o que pode para evitar danos ambientais. Mas o Al-Jazeera aponta outra triste arma utilizada na guerra: as altas temperaturas. “O verão em Gaza costumava ser uma estação de alegria, mas o ataque israelense em curso transformou-o em uma estação de tormento. Os bombardeios intermináveis criaram emissões de gases de efeito estufa e espessas camadas de poeira e poluentes. Incêndios queimam sem controle. Pilhas de lixo apodrecem ao sol. Terras agrícolas são arrasadas. O que antes era uma crise climática agora é crueldade climática, arquitetada pela força militar”, relata Qasem Waleed, físico e escritor palestino radicado em Gaza.

De outubro de 2023 a abril de 2025, Israel matou 52.243 pessoas, incluindo mais de 18.000 crianças, e feriu mais de 117.600. Ao incluir os desaparecidos e presumivelmente mortos, o número de mortos sobe para 63.243. O estudo também foi notícia no Arab News e Um Só Planeta.

Em tempo: As agências internacionais AFP, Associated Press, BBC e Reuters divulgaram nesta 5a feira (24/7) uma declaração conjunta sobre a situação dos profissionais da imprensa na guerra. “Estamos desesperadamente preocupados com nossos jornalistas em Gaza, que estão cada vez mais impossibilitados de alimentar a si próprios e às suas famílias. Por muitos meses, esses jornalistas independentes têm sido os olhos e ouvidos do mundo em Gaza. Agora, eles enfrentam as mesmas circunstâncias terríveis que cobrem. Jornalistas enfrentam muitas privações e dificuldades em zonas de guerra. Estamos profundamente alarmados com o fato da ameaça da fome ser agora uma delas. Instamos mais uma vez as autoridades israelenses a permitir a entrada e saída de jornalistas em Gaza. É essencial que suprimentos alimentares adequados cheguem à população local”.

BBC, Reuters, France 24, The Guardian, Deutsche Welle e POLITICO abordaram a declaração. 

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