
Atenção, passageiros a caminho da COP30: podemos ter turbulência depois do pouso em Belém (PA). Bem, ao menos é essa a impressão que se tem ao se avaliar o andamento das obras de ampliação do aeroporto internacional Júlio Cezar Ribeiro, também conhecido como Val-de-Cans.
Uma reportagem da Sumaúma mostrou a situação caótica que os viajantes encontram hoje na chegada à capital paraense. Situação que pode não estar totalmente solucionada até novembro, quando dezenas de milhares de negociadores, observadores e jornalistas são esperados na cidade.
A reforma é responsabilidade da empresa SPE Novo Norte Aeroportos, também conhecida como Norte da Amazônia Airports (NOA), que administra o aeroporto de Belém. A obra prevê quase triplicar a área de embarque, construir um novo pátio com mais posições para estacionamento de aeronaves e restaurar pistas.
A expectativa inicial era a conclusão das obras até 31 de agosto. No entanto, relatórios da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) sugerem o não cumprimento do prazo. Para piorar, ao menos até agora, os responsáveis pelo aeroporto ainda não resolveram um problema crônico e histórico: o forte calor da cidade, que segue driblando os sistemas de ar-condicionado.
O aeroporto é um dos pontos de preocupação para os organizadores da COP30, mas está longe de ser o principal deles. O ponto de interrogação mais incômodo continua sendo a hospedagem: apesar das ações recentes para garantir quartos e leitos para os negociadores em Belém, muitos ainda enfrentam preços abusivos e pouca comodidade.
O NY Times destacou uma das ações mais curiosas para expansão da rede hoteleira da capital paraense – a transformação de motéis, tradicionais espaços de entretenimento adulto, em hospedagens para diplomatas, cientistas, ativistas e outros participantes da COP30.
Para atender à clientela mais sisuda, os proprietários dos motéis estão correndo para adaptar os quartos e “dessexualizá-los”, de forma a não constranger os futuros hóspedes. Saem as cadeiras eróticas, as luzes vermelhas e os espelhos de teto (quando possível, na verdade), e entram mesas, poltronas e frigobar. O Globo e UOL publicaram a tradução da reportagem.
Mas nem todo o desconforto é ruim. Para o presidente-designado da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, a realização da Conferência do Clima em Belém pode ser um choque de realidade para os negociadores, acostumados com um ambiente mais confortável e distante daquilo que as populações mais pobres e vulneráveis enfrentam diariamente sob a crise climática.
“Não podemos esconder que vivemos em um mundo com muitas desigualdades, onde a sustentabilidade e o combate às mudanças climáticas precisam estar mais próximos das pessoas”, disse Corrêa do Lago em entrevista à Associated Press. “Quando as pessoas forem a Belém, verão um país e uma cidade em desenvolvimento, com problemas consideráveis de infraestrutura, e, em termos relativos, ainda com um alto percentual de pobreza”.



