
O governo Trump promoveu mais uma ação em sua agenda “Perfure, baby, perfure”: desta vez, o Departamento de Energia publicou um relatório com o objetivo de minimizar o perigo das mudanças climáticas. A publicação foi usada como base para a revogação da “constatação de perigo”, base legal da regulamentação federal de gases de efeito estufa criada em 2009.
Entre as afirmações negacionistas estão o aquecimento global não ser tão prejudicial à economia, o nível do mar não estar subindo de forma acelerada e a possibilidade da maior concentração de gás carbônico na atmosfera aumentar a produtividade agrícola, detalhou a Agência Pública.
Os cinco autores do relatório são conhecidos na comunidade científica por se oporem ao consenso dos especialistas sobre as mudanças climáticas. No Guardian, Rachel Cleetus, diretora de clima e ciência da organização Union of Concerned Scientists (UCS) e uma das autoras da sexta avaliação climática nacional dos EUA, afirmou: “Esta é uma agenda para promover os combustíveis fósseis, não para proteger a saúde e o bem-estar públicos ou o meio ambiente”.
Segundo O Globo, dias depois da publicação do relatório, cientistas independentes vieram a público para denunciar distorção de dados de seus estudos utilizados na tese negacionista. “Cada capítulo segue o mesmo padrão: estabelece uma posição contrária, seleciona a dedo evidências que apoiam essa posição e, daí, alega que essa posição é pouco representada na literatura climática e no IPCC em particular”, explicou Ben Sanderson, pesquisador sênior do Centro para Pesquisa Climática Internacional (CICERO), da Noruega.
Um exemplo de distorção está na citação a um trabalho do economista Richard Tol, das universidades de Sussex e Amsterdã. Tol afirmou em seu blog que o relatório distorceu informações de estudos feitos por ele. “Eu fui citado três vezes, incorretamente em todas as três”, escreveu.
O relatório entrará, agora, em fase de consulta pública, informou o Poder 360. O documento também foi noticiado por Bloomberg, NY Times, CNN, Washington Post e Wall Street Journal.
Em tempo: Segundo especialistas ouvidos pelo Climate Home News, o parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) sobre as responsabilidades dos governos pela crise climática pode causar dor de cabeça ao governo negacionista de Donald Trump. Embora o país tenha deixado o Acordo de Paris, o parecer sugere a possibilidade de órgãos do governo dos EUA e mesmo empresas enfrentarem processos judiciais dentro e fora dos EUA por conta de sua omissão no esforço global contra as mudanças do clima.



