Poluição por plásticos custa US$1,5 trilhão por ano em problemas de saúde, alerta estudo

A produção acelerada do material, que aumentou mais de 200 vezes desde 1950, e o descarte inadequado estão agravando a crise climática.
5 de agosto de 2025
poluição por plásticos
Dmitriy from Pixabay

Um relatório divulgado nesta 2a feira pela revista científica The Lancet chamou a atenção para o tamanho dos danos causados à saúde pela poluição por plástico. Este é “um perigo grave, crescente e pouco reconhecido para a saúde humana e planetária”, afirma o relatório produzido por cerca de 30 cientistas de 12 países.

Segundo a análise, a presença do plástico no mundo aumentou mais de 200 vezes desde 1950 e a produção acelerada do material deve triplicar até 2060, atingindo mais de um bilhão de toneladas anuais. Como CBN e Revista Galileu destacaram, essa crise global gera US$1,5 trilhão (cerca de R$ 8 trilhões) em danos como a contaminação de ecossistemas, a intoxicação da população e o agravamento da crise climática.

Segundo especialistas, a exposição à poluição por plástico começa ainda no útero e se estende até a velhice. Ao longo da vida, a contaminação acontece através da exposição a micro e nanoplásticos em alimentos, água e ar. Essas substâncias já foram encontradas em diversas partes do corpo, como cérebro, pulmão, placenta e leite materno, informou o Metrópoles.

A análise também destaca mais de 16 mil substâncias químicas presentes nos plásticos, incluindo disruptores endócrinos como o BPA (Bisfenol A) e retardantes de chama, produtos tóxicos associados a uma série de problemas de saúde.

Estudos relacionam a presença de micro e nano plásticos nos corpos humanos a doenças como câncer, derrames e problemas cardíacos. O risco é maior para populações economicamente vulneráveis, principalmente para crianças.

Os especialistas também afirmam ser possível conter a crise por meio de políticas públicas, como já feito no caso de poluição do ar por chumbo, mas também informam que a reciclagem está longe de ser a solução. Diferentemente de papel, vidro, aço e alumínio, os plásticos quimicamente complexos não podem ser facilmente reciclados, lembra O Guardian. O mundo não se livrará da poluição por plástico por meio da reciclagem, não importa quantas vezes a reciclagem for defendida como solução pelos lobistas da indústria e petroestados.

O relatório foi divulgado às vésperas da 2a parte da 5a rodada de negociações para o Tratado Global contra a Poluição Plástica que começa nesta 3a feira (5) em Genebra, na Suíça. Os países têm até o dia 14 para definir o futuro do acordo – visto como a última grande chance para se acabar com a poluição plástica nas próximas décadas. A ONU Notícias e o Le Monde abordaram os principais pontos em negociação.

O relatório sobre o impacto da poluição por plástico na saúde global também foi notícia em NBC News, Yale Environment 360, CBS News, Financial Times, El País e Euronews.

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