Petróleo na Amazônia pode ser “legítimo”, mas requer mais estudos, diz  Academia Brasileira de Ciência

ABC não defende nem se opõe à exploração, mas diz que decisão deve estar amparada por ciência, transparência e salvaguardas ambientais.
10 de agosto de 2025
abc sobre foz do amazonas
Montagem ClimaInfo

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) lançou na 5ª feira (7/8) o relatório “Petróleo na Margem Equatorial Brasileira”. O documento foi organizado por um grupo de 12 especialistas, coordenados pelo vice-presidente da entidade, Jailson Bittencourt de Andrade.

O relatório não defende nem se opõe à exploração de combustíveis fósseis na região. Mas afirma que qualquer decisão deve estar amparada por ciência, transparência e salvaguardas ambientais, informa ((o))eco.

A ABC pede mais estudos técnicos – algo que o Ministério do Meio Ambiente (MMA) há tempos faz reivindicando a Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS). E propõe a adoção de medidas para mitigar emissões e proteger manguezais, caso a exploração vá adiante, informa a Folha.

“Não estamos defendendo a exploração na Margem Equatorial, o que estamos fazendo é mostrar o que pode acontecer numa eventual exploração”, disse Andrade. Explicação reforçada pela presidente da ABC, Helena Bonciani Nader: “Estamos trazendo o olhar científico para que o governo e a sociedade tenham embasamento antes de tomar qualquer decisão”.

Para a Academia, a decisão de abrir uma nova fronteira exploratória de petróleo e gás no Brasil não pode ser tomada isoladamente, “dissociada da ampla agenda global de enfrentamento das mudanças climáticas”. Ou seja, o planejamento governamental deve considerar as metas climáticas do país e o impacto da queima dos combustíveis fósseis eventualmente explorados na região sobre essas metas.

Embora a ABC não admita publicamente, a ressalva sobre impactos climáticos implica inviabilidade da exploração. Algo confirmado pelo estudo de Shigueo Watanabe Jr., físico especializado em mudanças climáticas e pesquisador do ClimaInfo, sobre as emissões das bacias de petróleo e gás localizadas na Amazônia, das quais três – Foz do Amazonas, Pará-Maranhão e Barreirinhas – estão na Margem Equatorial.

O Globo e Poder 360 noticiaram o estudo da ABC, embora dando ênfase não às ressalvas ambientais e climáticas da associação, mas à viabilidade técnica da exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial mencionada pela entidade.

  • Em tempo: Amanhã (12/8), IBAMA e Petrobras se reunirão para definir as condições e datas para a Avaliação Pré-Operacional (APO) do bloco FZA-M-59, na Foz do Amazonas. A APO, simulado de vazamento de petróleo e socorro à fauna atingida, é uma etapa do licenciamento do poço da Petrobras no bloco. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse estar otimista com o desfecho do processo, informam Valor e CNN. “Acho que as coisas estão bem encaminhadas. Conversei pessoalmente com o presidente do IBAMA (Rodrigo Agostinho), ele está ciente de tudo que estamos apresentando. A diretora (de licenciamento) Cláudia (Barros), também está ciente de tudo que estamos apresentando, de todos os condicionantes ofertados.”

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