Petrobras e IBAMA fecham acordo para simulado de vazamento na Foz do Amazonas

Avaliação Pré-Operacional deve acontecer em 24 de agosto, mas palavra final é do IBAMA; políticos continuam fazendo pressão pública.
14 de agosto de 2025
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Petrobras

Um dia após organizações da sociedade civil pedirem ao Itamaraty que o Brasil defenda o fim da exploração de petróleo e gás na Amazônia, a Petrobras e o IBAMA chegaram a um acordo para realizar a Avaliação Pré-Operacional (APO) no bloco FZA-M-59, na Foz do Amazonas. A APO é uma simulação de vazamento e atendimento à fauna e pode ser a última etapa para o órgão autorizar o poço que a petrolífera quer perfurar no litoral do Amapá.

Segundo a Folha, o IBAMA propôs a realização do simulado no dia 24 de agosto ou naquela semana, mas as áreas técnicas do órgão ambiental e da Petrobras entendem que ainda há detalhes a serem alinhados antes de uma definição final. Isso porque a região do Bloco 59 é de difícil acesso, a operação é complexa e também depende do deslocamento de equipes e equipamentos.

Um dos principais entusiastas da exploração de combustíveis fósseis na Foz do Amazonas, o presidente do Senado Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), celebrou o acordo e divulgou o dia 24 como o de realização da APO, informa O Globo. O tema é prioritário para Alcolumbre, que torce pela entrada de royalties e participações especiais nos cofres do Amapá, se de fato existirem em quantidade comercialmente viável.

Reforçando a falácia da associação de petróleo à riqueza e ao desenvolvimento, Alcolumbre disse que a nova etapa no licenciamento do Bloco 59 é “uma vitória do Amapá” e do Brasil. “Um marco, resultado do empenho e do trabalho conjunto de vários atores que defendem um futuro energético sustentável para o nosso país”, disse, citado pelo Valor.

A empolgação – e a continuidade da pressão política sobre o IBAMA – não se restringe ao presidente do Senado. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), cravou inclusive o desfecho do teste, afirmando que em 24 de agosto “daremos o último passo antes do início da pesquisa petrolífera na costa do Amapá”.

Vale lembrar que a estratégia narrativa para minimizar os riscos da operação da Petrobras na área é chamar “exploração de combustíveis fósseis” de “pesquisa”, como faz Randolfe e também já fez o presidente Lula. No entanto, todo o setor de petróleo chama a perfuração de um poço de “exploração”.

g1, Agência Brasil, Estadão, Valor, CNN, eixos, Poder 360 e R7 também noticiaram o acordo entre IBAMA e Petrobras para o APO na Foz.

  • Em tempo: Energia renovável, que nada. A Petrobras estuda usar energia nuclear como alternativa para descarbonizar suas operações marítimas de produção de petróleo, hoje abastecidas por equipamentos movidos a gás fóssil, informa Nicola Pamplona na Folha. A ideia é apoiar o desenvolvimento de pequenos reatores que possam ser instalados próximos às unidades. O projeto ainda é incipiente e depende do desenvolvimento da tecnologia, conhecida como SMR (sigla em Inglês para reator modular pequeno). Mas, para quem até pouco tempo apostava em eólicas offshore para suprir a demanda elétrica de suas plataformas e se dizia “líder na transição energética”, apostar na fonte nuclear definitivamente não é um bom sinal.

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