Divergências travam negociações de tratado contra poluição plástica

Após duas semanas de discussão, os negociadores não conseguiram chegar a um acordo e aguardam uma definição sobre os próximos passos. 
15 de agosto de 2025
tratado contra poluição plástica
TheDigitalArtist Pixabay AI generated

Representantes de 184 países estão em Genebra para finalizar o texto do Tratado Global Contra a Poluição Plástica desde 5 de agosto. Apesar do debate ter começado em 2022, observadores temem que negociações estão “mais longe do que nunca” de um final, relata o Correio Braziliense.

A reunião em Genebra foi proposta depois de não se chegar a um acordo na 5ª rodada de negociações realizada em 2024 em Busan, na Coreia do Sul. Na época, os países produtores de petróleo e gás foram os grandes bloqueadores de qualquer avanço, relembra o g1.

As razões do impasse seguem as mesmas em Genebra: petroestados resistem à imposição de restrições na produção de plástico virgem, enquanto a “Coalizão de Alta Ambição” formada por 74 países pressiona por limites à produção e maior controle sobre aditivos químicos perigosos.

Para Michel Santos, gerente de políticas públicas do WWF Brasil, a posição do Brasil colaborou para o entrave. O país se portou, muitas vezes, de forma dúbia sobre os principais artigos. “Sem regras globais, o problema continuará. O Brasil tem jogado por posições nacionais e isso não é adequado, considerando que a poluição plástica não tem fronteira”, acrescentou Santos.

O país é o maior produtor de plástico da América Latina e o 4º do mundo, fabricando 1,4 milhões de toneladas por ano. E sem ter um programa eficiente para a gestão dos resíduos.

O grande destaque de 4ª feira (13/8) foi a primeira proposta de texto de 10 páginas apresentada pelo presidente dos debates, o diplomata equatoriano Luis Vayas Valdivieso. A maioria dos participantes considerou o texto fraco. Zaynab Sadan, líder global de políticas de plásticos e chefe da delegação do WWF em Genebra, disse ao Valor Econômico que o texto proposto “não é um tratado global” e sim “uma coleção de medidas nacionais e voluntárias que não resolverá a crise cada vez mais grave dos plásticos”.

Na manhã da 5ª feira (14), o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu aos países a adoção de um texto à altura da urgência ambiental e sanitária, qualificando como “inaceitável a falta de ambição” do primeiro esboço, destaca o UOL.

Era previsto um novo texto começando a circular ainda na 5ª feira, com a plenária marcada para às 16h de Genebra. A expectativa era de negociação dos 31 artigos ao longo do dia, com divulgação na madrugada de 6ª feira, no horário suíço. A reunião, no entanto, foi adiada primeiramente para às 19h e, logo depois, para as 23h30, indicando a dificuldade de se chegar a um texto comum. Quase à meia-noite, os participantes foram informados da postergação da plenária para 6ª feira (15).

O impasse ad infinitum do Tratado Global Contra Poluição Plástica também foi reportado por Al-Jazeera, Euronews, Associated Press, Reuters, Democracy Now!, RFI, Financial Times, Independent e AFP.

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