
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ressaltou a disposição do Brasil em fazer da COP30 a “COP da implementação” dos compromissos firmados até agora pelos países contra as mudanças climáticas. Ecoando o presidente da COP André Corrêa do Lago e a CEO Ana Toni, a ministra afirmou que a ação é mais necessária do que nunca: ou tiramos os compromissos do papel, ou a crise climática se intensificará.
“É preciso agora implementar os compromissos que já assumimos por consenso. Assumimos no Azerbaijão que era US$1,3 trilhão [para financiamento climático], [prometemos] triplicar [energia] renovável, duplicar eficiência energética, nos afastar de combustível fóssil, de desmatamento, viabilizar os recursos de perdas e danos. Tudo isso já foi decidido”, disse Marina após participar, no Rio de Janeiro, de um evento do Climate Reality Project.
O mundo chegou ao limiar do processo que já é debatido há 33 anos nas COPs do clima e vive hoje uma crise civilizatória, ressaltou a ministra, na qual os líderes preferem guerrear entre si a declarar guerra contra a crise climática, uma ameaça à nossa sobrevivência no planeta: “São 500 mil vidas perdidas a cada ano só em função de ondas de calor”.
Marina Silva admitiu as dificuldades colocadas pelo o contexto geopolítico atual, mas afirmou que líderes e tomadores de decisão precisam continuar a ouvir os cientistas e trabalhar juntos para cumprir a meta limite de 1,5oC de aquecimento global neste século estabelecida pelo Acordo de Paris. “Agora a sociedade tem que dizer para todos nós, tomadores de decisão, governos, empresas, que não temos mais como não implementar os acordos já firmados”, afirmou, citada pelo Valor.
Para ser a COP da implementação, contudo, a conferência brasileira precisa resolver gargalos logísticos. Os preços cobrados pela hospedagem em Belém são uma “pedra no sapato” da organização da cúpula, com protestos generalizados e ameaças de não comparecimento. Para tentar resolver o problema, o governo quer mapear as delegações em dificuldade e resolver caso a caso. De acordo com o Valor, a ação será coordenada por um grupo de assessores dos ministérios do Turismo e do Meio Ambiente, além de representantes da organização do COP30.
A conversão de dois transatlânticos em hotéis flutuantes durante a conferência é parte da solução. As embarcações, com capacidade para até 6 mil leitos, ficarão atracadas na Ilha Caratateua, a cerca de 25 km do bairro do Marco, onde ocorrerá o evento. No entanto, o tempo a ser gasto pelos hóspedes até o local da conferência é bem maior do que os 30 minutos anunciados pela organização, informa o Correio Braziliense. As múltiplas etapas e gargalos conhecidos, podem facilmente triplicar esse tempo.
Em tempo: O saguão de embarque do Aeroporto Internacional de Belém foi alagado na noite de 6a feira (15/8), informam Metrópoles, g1 e O Globo. Nas redes circularam vídeos mostrando goteiras no teto, poças no chão e viajantes levantando os pés sobre malas para evitar contato com a água. Segundo a administradora Norte da Amazônia Airports (NOA), o incidente foi provocado por infiltrações durante uma forte chuva. O aeroporto está em obras para a COP30. Oremos.



