
O Ártico aquece até quatro vezes mais do que a média global, porém, desde os anos 2000, o derretimento do gelo marinho na região diminuiu drasticamente. Cientistas foram em busca dos porquês desse fenômeno acontecer e achados foram publicados em um artigo na revista científica Geophysical Research Letters.
O declínio do derretimento é explicado pelas variações nas correntes oceânicas, que compensaram o aumento contínuo das temperaturas globais. O evento não é raro: segundo simulações de modelos climáticos utilizados pelos pesquisadores, períodos como esse podem ocorrer com relativa frequência.
As flutuações naturais do sistema climático podem contribuir para a aceleração e a desaceleração da perda de gelo marinho. Os principais suspeitos pela variabilidade de várias décadas são flutuações ligadas ao Pacífico tropical e ao Atlântico Norte. Para cientistas, no entanto, causas precisas ainda não foram quantificadas.
Em um cenário sem mudanças climáticas, o gelo marinho do Ártico teria aumentado no período atual. O aquecimento causado pelo homem é responsável por até dois terços do declínio de gelo na região.
Cientistas ressaltam que a desaceleração deve persistir por mais cinco a dez anos, mas o que vem depois não é nada bom. O declínio do gelo deve aumentar a marcha como já visto em períodos anteriormente, contam Carbon Brief e Guardian.
Para contribuir com a análise, um estudo publicado na revista científica Earth, Atmospheric, and Planetary Sciences mensurou o impacto do calor de 2024 sobre o arquipélago de Svalbard, na Noruega, e questionou “essa é uma visão antecipada do derretimento das geleiras do Ártico?”.
Ao final de seis semanas de calor recorde no verão de 2024, cerca de 1% de todo o gelo terrestre do arquipélago havia se perdido – o suficiente para elevar o nível médio global do mar em 0,16 milímetros. Cientistas se disseram chocados. “Não foi apenas um recorde marginal. O derretimento foi quase o dobro do recorde anterior”, afirmou Thomas Schuler, da Universidade de Oslo, na Noruega.
Desde 1991, menos de 10 gigatoneladas de gelo derreteram em média a cada verão. Mas quatro dos últimos cinco anos estabeleceram novos recordes de perda de gelo no verão, contam Inside Climate News e New Scientist. No total, cerca de 62 gigatoneladas de gelo foram perdidas no último verão, quase inteiramente devido ao derretimento da superfície.
Em tempo: Um artigo publicado na revista Nature aponta que a rápida perda de gelo marinho na Antártica pode ser um ponto de inflexão para o clima global, causando elevação do nível do mar, mudanças nas correntes oceânicas e perda de vida marinha que são impossíveis de serem revertidas. O estudo analisa detalhes inéditos dos efeitos do aquecimento global sobre a região. Folha e Reuters dão mais detalhes.



