Governo deixa combustíveis fósseis e tira biocombustíveis de leilão de eletricidade

Sujeira à vista: proposta para leilão de reserva de capacidade inclui plantas a carvão, gás fóssil e até mesmo a diesel e óleo combustível.
25 de agosto de 2025
leilão energia
Petrobras

Não dá pra esperar muito do Ministério de Minas e Energia (MME), comandado por Alexandre Silveira, em direção à necessária transição energética justa. Mas impressiona o afã da pasta de “sujar” tudo com combustíveis fósseis, mesmo a matriz elétrica brasileira, uma das mais renováveis do planeta.

A mais nova do MME é a proposta, divulgada na última 6ª feira (22/8), para contratar potência para o sistema elétrico, depois do cancelamento do leilão de reserva de capacidade (LRCAP), previsto para junho. À exceção de hidrelétricas, as demais plantas a serem contratadas serão movidas a combustíveis fósseis, dos tipos mais variados. Biomassa e biocombustíveis ficaram de fora.

A proposta colocada em consulta pública pela pasta de Silveira inclui térmicas a carvão, gás fóssil, diesel e óleo combustíveis. E acaba com a possibilidade de usinas a óleo serem convertidas para etanol e biodiesel, explica a eixos.

A contratação da energia se dará em dois leilões, ambos previstos para março de 2026, informam O Globo, Megawhat, UOL, Agência Infra, Canalenergia, Exame e CNN. O primeiro vai contratar termelétricas existentes a carvão e gás, além de usinas novas a gás, e a ampliação de hidrelétricas. Os projetos precisam entrar em operação entre 2026 e 2030. Já o segundo será exclusivo para plantas existentes a óleo combustível e diesel, com contratos de três anos e início em 2026 e 2027.

A troca de usinas a biocombustíveis por térmicas a fósseis ocorre enquanto a presidência da COP30 tenta pautar a eliminação de petróleo, gás e carvão como um dos temas da conferência, destaca o Jota. Mas, para o governo, o setor de biocombustíveis já está contemplado em outras políticas públicas, como o Combustível do Futuro. Há também receio de que o uso do biocombustível poderia ter impacto nos preços de uma eventual geração de energia. Já o aumento vertiginoso das emissões, ao que parece, não foi levado em conta.

Prova disso é a inclusão das pré-históricas térmicas a carvão, que têm a energia mais cara, os níveis mais altos de emissões e respondem por cerca de 2% do abastecimento elétrico nacional. Mas, na prática, trata-se de uma solução para a termelétrica de Candiota (RS), da Âmbar Energia, controlada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, que fica livre para participar do certame e retomar seu funcionamento com contrato. A emergência climática que espere.

  • Em tempo 1: Apesar da “forcinha” do MME, a vida não está fácil para o projeto a carvão dos irmãos Batista. Uma sentença emitida pela Justiça Federal do Rio Grande do Sul na 6ª feira (22/8) suspendeu as licenças de operação da UTE Candiota III e da Mina de Candiota, no sul gaúcho, informam Sul21, Brasil de Fato, GZH e Jornal do Comércio. O documento estabelece que futuros licenciamentos de empreendimentos de carvão no território gaúcho deverão incluir diretrizes das políticas nacional e estadual de mudanças climáticas. A ação foi movida pelo Núcleo Amigos da Terra Brasil, Instituto Preservar e Instituição Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural.

  • Em tempo 2: O governo promoveu na 6ª feira (22/8) um leilão de energia nova que contratou 815 MW de capacidade proveniente de 65 centrais hidrelétricas de até 50 MW, com início de suprimento em 2030 e horizonte de fornecimento de 20 anos, informam Folha e Poder 360. Os investimentos devem somar R$5,46 bilhões, com preço médio de R$ 392,84 por megawatt-hora (MWh) e deságio de 3,16% em relação ao preço-teto estabelecido.

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