Temporada de Fogo 2024

Foto: Bruno Rezende/divulgação

O Brasil pegou muito fogo em 2024. As mudanças climáticas, agravadas pelo desmatamento e pelas queimadas, seguem pressionando cada vez mais os biomas brasileiros. No ano passado, o fogo atingiu 30 milhões de hectares, marca 62% superior à média histórica anual de 18,5 milhões. Dados do Mapbiomas Fogo mostram uma mudança no padrão, com aumento de grandes incêndios e maior impacto sobre formações florestais, que em 2024 ultrapassaram as áreas de savana como as mais afetadas.

Com seca e calor intenso aliados a novas táticas de desmate, áreas úmidas como Amazônia e Pantanal, que ainda não se recuperaram de eventos extremos – como a seca em 2023 e o fogo em 2020, respectivamente – tiveram seu equilíbrio ecológico posto em risco. 

A Amazônia e o Cerrado concentraram 86% dos registros de fogo no período, somando mais de 177 milhões de hectares destruídos. A Amazônia registrou seu pior ano em 2024, com 15,6 milhões de hectares queimados – um aumento de 117% em relação à média histórica –, consolidando-se como o principal epicentro do fogo no país.

Na Amazônia, o recorde de chamas se deu no sul do estado do Amazonas, enquanto algumas bacias hidrográficas da região, como a do Javari e do Madeira, apresentaram sinais fortes de estresse hídrico

Já no Cerrado, bioma “acostumado” com o fogo, foi o desmatamento que seguiu em alta, por conta da menor proteção legal do bioma, em comparação com a Amazônia. 

“Historicamente, o Cerrado evoluiu com a presença de fogo natural, geralmente provocado por raios durante o início da estação chuvosa. No entanto, o que temos observado é um aumento expressivo dos incêndios no período de seca, impulsionado principalmente por atividades humanas e agravado pelas mudanças climáticas”, explicou Vera Arruda, pesquisadora do IPAM e coordenadora técnica do MapBiomas Fogo.

Em 2024, a temporada de seca se antecipou em dois meses no Pantanal, marcando a maior estiagem no bioma nos últimos 40 anos e criando um ambiente propício para recordes de incêndios – historicamente, os períodos de maior incidência de fogo ocorrem nos meses de setembro e outubro.

O bioma teve aumento de 157% na área queimada em relação à média, com quase 20% dos incêndios ocorrendo em extensões superiores a 100 mil hectares. Corumbá (MS) destacou-se como o município com maior área acumulada de registros de fogo desde 1985.

A desestruturação dos órgãos ambientais durante o governo anterior e a paralisação parcial de mais de seis meses de funcionários do IBAMA se somam neste panorama de insegurança para os biomas. Além disso, sinais de leniência na aplicação e cobrança de multas levantam a ausência do poder estadual para conter os danos ambientais. 

A Mata Atlântica também bateu recorde em 2024, com 1,2 milhão de hectares destruídos pelas labaredas, 261% acima da média, concentrados em zonas agrícolas, especialmente no entorno do município de Ribeirão Preto (SP). Aliás, dos dez municípios com maior proporção de área queimada no Brasil, quatro estão localizados no estado de São Paulo.

A Caatinga e o Pampa tiveram reduções no fogo em 2024. A área queimada na Caatinga caiu 16%, para 404 mil hectares, enquanto o Pampa registrou queda de 48%, influenciado pelas chuvas associadas ao fenômeno El Niño. Apesar dessas exceções, o cenário geral aponta para um agravamento do problema, com quase 30% da área queimada no país no ano passado, ocorrendo em megaeventos de mais de 100 mil hectares.

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