
Funcionários da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA, na sigla em Inglês) dos EUA enviaram na última 2ª feira (25/8) uma nota ao Congresso norte-americano alertando para o desmonte de políticas climáticas promovido pelo governo Trump. Segundo os especialistas, a Casa Branca tem revertido grande parte do processo de gerenciamento de desastres conquistados desde o furacão Katrina, que completa 20 anos nesta semana.
A carta, intitulada “Declaração Katrina”, rejeitou o plano de Trump para reduzir drasticamente a FEMA e transferir responsabilidades pela resposta a desastres aos estados. Os funcionários esperam que seus avisos “cheguem a tempo de evitar não apenas outra catástrofe como o furacão Katrina, mas também a dissolução da FEMA”, conta o NY Times.
O furacão Katrina atingiu os estados de Louisiana e Mississippi no final de agosto de 2005, causando mais de 1,8 mil mortes e US$161 bilhões em danos materiais, lembram BBC e NPR. O evento extremo causou uma crise no governo do então presidente George W. Bush, que foi duramente criticado pela lenta resposta à devastação de New Orleans.
O evento levou à aprovação de uma lei exigindo que administradores da FEMA tenham “capacidade e conhecimento comprovados em gestão de emergências” e proibindo a intervenção do secretário de Segurança Interna dos EUA nas “autoridades, responsabilidades ou funções” da FEMA. O governo Trump vem ignorando completamente a legislação, já que nomeou dois administradores interinos sem qualquer experiência em gestão de desastres e cortou bilhões de dólares do orçamento da agência.
Com o aumento das temperaturas também aumenta a intensidade dos furacões e os riscos financeiros, lembram a Bloomberg e Reuters. Um estudo feito pela seguradora alemã Munich Re mostrou que a Costa do Golfo do México está cada vez mais vulnerável a furacões, o que coloca em xeque a eficácia dos sistemas de defesa instalados depois do Katrina.
Uma repetição do Katrina hoje seria muito mais custosa – não só por conta do agravamento da inflação. Segundo o Swiss Re Institute, milhares de pessoas se mudaram para o litoral e construíram casas muito caras para consertar ou substituir.
O El País conta a história de moradores após os 20 anos do maior furacão já registrado na história americana. Partes da cidade foram perdidas, casas abandonadas e comunidades desfeitas. “Estamos cansados de sermos chamados de ‘resilientes’. Ninguém quer enfrentar outro Katrina”, desabafou uma moradora local.
CNN, Weather Channel e The Conversation também trazem memórias dos atingidos pelo Katrina nos EUA.



