Incêndios florestais na União Europeia já queimaram mais de um milhão de hectares em 2025, tornando este ano o pior já registrado na história. Faltando um mês para o fim da temporada de fogo, autoridades esperam pelo aumento do número.
Os incêndios consumiram quatro vezes mais área neste ano do que a média do mesmo período nas duas últimas décadas, de acordo com o Guardian. É a maior quantidade para o ano desde o início das medições em 2006. Espanha e Portugal representam dois terços da área total atingida.
Apesar do fim da onda de calor que elevou as temperaturas para mais de 40oC em grande parte do sul da Europa, dez incêndios florestais ainda estavam em curso na tarde de ontem (27/8) na região espanhola de Castela e Leão. Cerca de 700 pessoas foram evacuadas, de acordo com a Reuters. O fogo fez as emissões dos países dispararem: somente na Espanha, as emissões relacionadas a incêndio são quatro vezes maiores que a média anual.
No total, os incêndios liberaram 37 milhões de toneladas de CO2 na União Europeia, com recordes de liberação de nove outros poluentes atmosféricos. Entre eles, as partículas finas conhecidas como PM2,5 que, segundo especialistas, tornam os incêndios florestais muito mais mortais. Além das mortes diretas, cientistas afirmam que existe um número oculto de mortes devido às nuvens espessas de fumaça que contaminam pulmões e partículas tóxicas que penetram na corrente sanguínea.
Historicamente, os incêndios florestais representam uma parcela pequena das emissões globais, quando comparados aos combustíveis fósseis. Porém, seu impacto tem crescido rapidamente nos últimos anos. O Climate Home mostrou uma análise do World Resources Institute (WRI) sobre as emissões das temporadas de fogo de 2024 e 2023, que, juntas, ultrapassam as da Índia, o 3º maior emissor global.
Cientistas alertam para o ciclo vicioso entre mudanças climáticas e incêndios. O aumento das emissões produz condições mais quentes e secas, facilitando a propagação de incêndios como os vistos no Brasil no ano passado e agora na Europa. O agravamento dos incêndios libera mais carbono na atmosfera, o que, por sua vez, acelera o aquecimento global.
Down to Earth, Euractiv, BBC também falaram da temporada de fogo europeu 2025.
Em tempo: As temperaturas escaldantes também têm prejudicado as safras de milho na União Europeia, forçando o bloco a depender mais de importações pela terceira safra seguida. Com a última onda de calor, as temperaturas na Espanha e França subiram até 9oC acima do normal, prejudicando a qualidade e a produtividade das culturas. A expectativa dos compradores é importar milho do Brasil e dos Estados Unidos. A Bloomberg detalha o caso.
