
Mais de 1 milhão de hectares, equivalente à metade da área do estado de Sergipe, já queimaram na Europa em 2025, o pior ano nos registros históricos do continente quanto ao fogo. Se já é inegável que o tempo seco e as sucessivas ondas de calor contribuíram para o recorde, um novo estudo de atribuição mostra que a crise climática também preparou o terreno meses antes, tornando os incêndios florestais 22% mais intensos. E as condições propícias ao fogo se tornaram 10 vezes mais prováveis.
A estimativa é do World Weather Attribution (WWA), painel internacional de cientistas que investiga a responsabilidade das mudanças climáticas em eventos extremos. O estudo analisou dados de Turquia, Grécia e Chipre, que desde junho combatem incêndios em temperaturas que alcançam os 45°C.
Como a Folha assinalou, o estudo mostra que, no clima atual com a temperatura média 1,3oC acima da registrada nos níveis pré-industriais, as chamas incontroláveis que atingem vários países europeus podem ocorrer uma vez a cada 20 anos, segundo a Bloomberg. Sem a alteração, tais eventos ocorreriam uma vez a cada 100 anos.
Entre junho e julho, o Mediterrâneo oriental enfrentou ondas de calor recordes e vários dias de temperaturas acima de 40°C. A precipitação total durante os meses de inverno também sofreu uma redução de 14%, e o calor seco facilitou a queima das plantas, enquanto ventos do norte extremamente fortes, chamados ventos etésios (ou etesianos), espalharam mais incêndios, detalhou o Mongabay.
Na Turquia, mais de 50 mil pessoas foram evacuadas devido à propagação de incêndios florestais em comunidades rurais e urbanas este ano. Pelo menos 17 pessoas morreram , incluindo 10 bombeiros e socorristas.
Mais de 32 mil pessoas também foram evacuadas da Grécia, enquanto incêndios destruíram dezenas de milhares de hectares de terras agrícolas, casas e resorts. Incêndios mataram pelo menos três pessoas em agosto.
No Chipre, incêndios queimaram 12.500 hectares, ou 1% da ilha. As chamas mataram pelo menos duas pessoas no que foi o pior incêndio florestal do país em mais de 50 anos.
Associated Press, Daily Mail, Euronews, POLITICO e BBC também repercutiram o estudo da WWA.



